Momento Zen de segunda
João César das Neves (JCN), por espírito prosélito ou penitência, parece um cruzado depois de ouvir uma prédica de Urbano II ou um devoto de Santo Escrivá depois de algumas horas de cilício e oração.
O divórcio está para JCN como o Eixo do mal para Bush. É preciso exterminá-lo. JCN julga que o casamento é uma pena perpétua, que é preferível a violência doméstica à revogação do contrato, que a irredutível vontade de um dos cônjuges se doma com o chicote da lei.
«Por causa da lei agora revista, haverá lágrimas amargas, sofrimentos lancinantes, que o legislador alegremente ignora» – diz, pungente, o pio catequista. Não sei se o devoto defensor da moral já pensou nas lágrimas, sofrimento e sangue que levam ao divórcio, mas isso não lhe interessa, cuida das aparências.
Analisemos um parágrafo da sua homilia da última segunda-feira:
«Durante mais de mil anos quem em Portugal casou as pessoas foi a Igreja Católica.
RE: Não havia outra forma de casamento, o divórcio era interdito e o catolicismo era obrigatório e ferozes os métodos de persuasão. É este passado de ignomínia que nos quer lembrar?
No século XIX os laicistas e maçons fizeram da crítica a este facto uma bandeira central. (…). Os passos principais são o Decreto de 16 de Maio de 1832 de Mouzinho da Silveira e o Código Civil de 1867. Foi apenas com a República, na Lei da Família de 25 de Dezembro de 1910 que se verificou a mudança definitiva».
RE: É verdade, até 1867 quem se quisesse casar só o podia fazer pela Igreja católica. Achará justo JCN? Ou só haverá o direito de professar a «única religião verdadeira»?
No salazarismo o divórcio passou, com a Concordata, a ser proibido para os casamentos católicos. Seria uma atitude justa de um país soberano ou uma prepotência eclesiástica, própria de um protectorado do Vaticano?
JCN pensa que a facilitação do divórcio o torna obrigatório. Esqueceu-se de que Sá Carneiro viveu amancebado com uma grande senhora, Snu Abecasis, porque a lei não lhe permitia o divórcio da primeira mulher. É com o regresso à lei a que o saudoso ministro da Justiça, Salgado Zenha, pôs termo que JCN sonha?
Por que obsessão beata quer complicar a vida aos casais que falharam o matrimónio? À democracia JCN quer opor a teocracia e à agilidade da lei a litigância judicial. Alguma direita confunde a liberdade com o direito exclusivo de impor os seus valores.
O divórcio está para JCN como o Eixo do mal para Bush. É preciso exterminá-lo. JCN julga que o casamento é uma pena perpétua, que é preferível a violência doméstica à revogação do contrato, que a irredutível vontade de um dos cônjuges se doma com o chicote da lei.
«Por causa da lei agora revista, haverá lágrimas amargas, sofrimentos lancinantes, que o legislador alegremente ignora» – diz, pungente, o pio catequista. Não sei se o devoto defensor da moral já pensou nas lágrimas, sofrimento e sangue que levam ao divórcio, mas isso não lhe interessa, cuida das aparências.
Analisemos um parágrafo da sua homilia da última segunda-feira:
«Durante mais de mil anos quem em Portugal casou as pessoas foi a Igreja Católica.
RE: Não havia outra forma de casamento, o divórcio era interdito e o catolicismo era obrigatório e ferozes os métodos de persuasão. É este passado de ignomínia que nos quer lembrar?
No século XIX os laicistas e maçons fizeram da crítica a este facto uma bandeira central. (…). Os passos principais são o Decreto de 16 de Maio de 1832 de Mouzinho da Silveira e o Código Civil de 1867. Foi apenas com a República, na Lei da Família de 25 de Dezembro de 1910 que se verificou a mudança definitiva».
RE: É verdade, até 1867 quem se quisesse casar só o podia fazer pela Igreja católica. Achará justo JCN? Ou só haverá o direito de professar a «única religião verdadeira»?
No salazarismo o divórcio passou, com a Concordata, a ser proibido para os casamentos católicos. Seria uma atitude justa de um país soberano ou uma prepotência eclesiástica, própria de um protectorado do Vaticano?
JCN pensa que a facilitação do divórcio o torna obrigatório. Esqueceu-se de que Sá Carneiro viveu amancebado com uma grande senhora, Snu Abecasis, porque a lei não lhe permitia o divórcio da primeira mulher. É com o regresso à lei a que o saudoso ministro da Justiça, Salgado Zenha, pôs termo que JCN sonha?
Por que obsessão beata quer complicar a vida aos casais que falharam o matrimónio? À democracia JCN quer opor a teocracia e à agilidade da lei a litigância judicial. Alguma direita confunde a liberdade com o direito exclusivo de impor os seus valores.
Comentários
Infelizmente já hoje há noivos que querem casar pela Igreja não por terem fé mas sim porque sentem que se trasta de um compromisso mais sério do que o casamento civil. Isto não é bom nem para os noivos nem para os católicos.
Porque, de facto, reinaria a harmonia social, o respeito pelos valores da Família e da Vida, a decência moral e comportamental.
Mas não.
A agenda é exigente e a exclusão/perseguição da Igreja Católica são uma realidade.
A Igreja é fraca?
É.
Está rendida ao ecumenismo, ao modernismo e à descaracterização?
Está.
Baixa-se perante os jacobinos intolerantes?
Baixa.
Valham-nos Homens de rectidão moral inquebrável, como o Professor César das Neves, crente que não perdeu o Norte, que não se rende ao facilitismo e continua a respeitar a ortodoxia da verdadeira e única religião.
Faz parte da estratégia anular a Igreja Católica como se esta não tivesse uma palavra a dizer.
E como é importante - e deveria ser vinculativa! - a palavra da Igreja Católica...
Porque só a Igreja nos pode orientar - em última análise, o Estado - pelo caminho da Verdade e da Doutrina Única, pelo caminho do respito, sacrifício e purificação.
Mas não.
A história da Igreja é a história da sagrada humilhação, da perseguição, da redenção, da elevação.
Estamos preparados.
Para aguentar as vossas humilhações, que nos tornam mais fortes.
Para aguentar a vossa perseguição sem tréguas, que nos torna mais aptos e preparados.
Para, enfim, tomar a Igreja Restaurada e o poder de recolocar Portugal na sua grandeza.
Estamos preparados, e mais tarde ou mais cedo, teremos uma palavra a dizer: a Palavra de Cristo.
E seremos ouvidos, respitados e até temidos por aqueles que hoje nos vilipendiam.
Carpe diem
Anónimo:
Tenho por hábito, desde há muitos anos, pensar pela minha cabeça. Não sofro as amarras da religião nem da política.Por isso, as minhas opiniões baseiam-se no que vejo e não no que "ouvi dizer".
Julgo que poucos católicos terão visitado tantas igrejas como eu. Na realidade, gosto de arte sacra, como de muitas outras coisas. Mas basta ver o que se passa na minha aldeia, a poucos quilómetros de Lisboa: quase todas as velhas vão à missa; muitas das suas filhas, também; netas, nem pensar. Refiro apenas mulheres porque o número de homens é insignificante.
Sempre remando contra a maré da evolução dos tempos, provavelmente julgando que assim, os seus pecados serão absolvidos.
Diogo