O judaísmo e a liberdade
Por muito que custe a democratas de várias religiões, não há democracias confessionais. Quando o clero de qualquer credo domina o aparelho de Estado, a separação de poderes caduca e o poder discricionário é uma constante ao serviço de Deus e da opressão.
Há quem pense que a esquizofrenia da fé se resume aos celerados suicidas islâmicos, quem julgue que a violência contra a mulher e as liberdades individuais são apanágio dos regimes muçulmanos, que o ódio à carne de porco e ao álcool seja exclusivo do Corão.
Vale a pena recordar as homilias do Portugal salazarista contra a minissaia e o fato de banho, antes da invenção diabólica do biquíni e da perda de influência que a progressiva secularização trouxe.
Quem visitou o Vaticano na década de setenta sabe como os guardas do Papa vigiavam o corpo feminino e era aí próspero o negócio de aluguer de capas opacas para proteger a santidade do local e ocultar os joelhos e ombros nus das mulheres.
Polícias religiosas de vários Estados islâmicos obrigam as pessoas a abrir a boca para lhes espiarem o hálito e descobrirem transgressões à fé.
Seja qual for a religião, desde que detenha o poder, não consente liberdades individuais nem tolera o que diz serem transgressões à vontade do seu deus.
Não é novidade, para quem anda atento às malfeitorias da fé, que as patrulhas de judeus ortodoxos impõem a sua lei nas ruas de Israel. Um jovem de 19 anos, David Biton, foi agredido de forma selvagem porque se atreveu a dar um passeio, na última sexta-feira à noite, acompanhado por raparigas da sua idade, algo intolerável para os «guardiães do recato» que aterrorizam os habitantes de uma região da Cisjordânia onde vivem 40.000 colonos ultra-ortodoxos. Basta verem um rapaz e uma rapariga, nem que sejam irmãos, para ficarem nervosos.
Os decotes ou vestidos transparentes afligem Jeová de tal modo que imensos panfletos são distribuídos na cidade para que o decoro, tal como os extremistas o consideram, seja rigorosamente observado. Uma jovem, agora com medo de sair de casa, foi abordada por um desconhecido que lhe atirou ácido porque «a cara era demasiado bonita». O pecado da menina de 14 anos foi ter passeado de calções pela cidade.
Em Betar Illit há pessoas apavoradas. Fala-se de vínculos organizativos e financeiros entre os esbirros que zelam pela moralidade e a autarquia. O edil, Meir Rubenstein, um extremista ortodoxo, nega, mas é um homem que não cumprimenta as mulheres com um aperto de mão… para não se contaminar.
Estes dados, extraídos de uma reportagem de Ana Carbajosa, ontem publicada no El País, vêm acompanhados da denúncia de que o Estado central não costuma imiscuir-se em assuntos destas comunidades e que a polícia só actua em casos muito extremos.
Sem resistência, no judaísmo, tal como no cristianismo ou no islão, a religião acaba por capturar os direitos, liberdades e garantias que as democracias consagram.
Há quem pense que a esquizofrenia da fé se resume aos celerados suicidas islâmicos, quem julgue que a violência contra a mulher e as liberdades individuais são apanágio dos regimes muçulmanos, que o ódio à carne de porco e ao álcool seja exclusivo do Corão.
Vale a pena recordar as homilias do Portugal salazarista contra a minissaia e o fato de banho, antes da invenção diabólica do biquíni e da perda de influência que a progressiva secularização trouxe.
Quem visitou o Vaticano na década de setenta sabe como os guardas do Papa vigiavam o corpo feminino e era aí próspero o negócio de aluguer de capas opacas para proteger a santidade do local e ocultar os joelhos e ombros nus das mulheres.
Polícias religiosas de vários Estados islâmicos obrigam as pessoas a abrir a boca para lhes espiarem o hálito e descobrirem transgressões à fé.
Seja qual for a religião, desde que detenha o poder, não consente liberdades individuais nem tolera o que diz serem transgressões à vontade do seu deus.
Não é novidade, para quem anda atento às malfeitorias da fé, que as patrulhas de judeus ortodoxos impõem a sua lei nas ruas de Israel. Um jovem de 19 anos, David Biton, foi agredido de forma selvagem porque se atreveu a dar um passeio, na última sexta-feira à noite, acompanhado por raparigas da sua idade, algo intolerável para os «guardiães do recato» que aterrorizam os habitantes de uma região da Cisjordânia onde vivem 40.000 colonos ultra-ortodoxos. Basta verem um rapaz e uma rapariga, nem que sejam irmãos, para ficarem nervosos.
Os decotes ou vestidos transparentes afligem Jeová de tal modo que imensos panfletos são distribuídos na cidade para que o decoro, tal como os extremistas o consideram, seja rigorosamente observado. Uma jovem, agora com medo de sair de casa, foi abordada por um desconhecido que lhe atirou ácido porque «a cara era demasiado bonita». O pecado da menina de 14 anos foi ter passeado de calções pela cidade.
Em Betar Illit há pessoas apavoradas. Fala-se de vínculos organizativos e financeiros entre os esbirros que zelam pela moralidade e a autarquia. O edil, Meir Rubenstein, um extremista ortodoxo, nega, mas é um homem que não cumprimenta as mulheres com um aperto de mão… para não se contaminar.
Estes dados, extraídos de uma reportagem de Ana Carbajosa, ontem publicada no El País, vêm acompanhados da denúncia de que o Estado central não costuma imiscuir-se em assuntos destas comunidades e que a polícia só actua em casos muito extremos.
Sem resistência, no judaísmo, tal como no cristianismo ou no islão, a religião acaba por capturar os direitos, liberdades e garantias que as democracias consagram.
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