Terroristas de Deus


Por todo o mundo cresce a agressividade clerical e o apelo ao ódio e à violência contra os infiéis, isto é, os fiéis da concorrência e os que recusam a santidade e o Paraíso.

Não há dia em que o sangue não jorre para maior glória do deus que os facínoras sabem ser o único verdadeiro e da religião que tem o monopólio da salvação da alma e o alvará dos transportes colectivos para o Paraíso.

Em Marrocos acaba de falhar a tentativa de instalar câmaras de televisão nas mesquitas. Maomé, segundo garantem os pregadores, nunca foi apologista de tais modernices. Os créus também não. E os inflamados pregadores da palavra do Profeta não querem que o poder político se imiscua nos apelos feitos aos crentes para que espalhem a fé, a bem ou a mal. Se necessário à bomba.

Uma jornalista acaba de ver recusado o lançamento de um livro com o editor assustado com a reacção dos islamitas. O médico egípcio Ayman al-Zawahiri (na foto), lugar-tenente de Usama bin Laden, pede uma guerra santa em território paquistanês. Os pios pregadores islâmicos deslocam-se à Europa para excitar os fiéis com o triunfo próximo do Islão. O Irão ameaça erradicar Israel. Até na China, com um governo despótico, uns desvairados islamitas fazem atentados enquanto o pregador Bush apela à difusão da fé e reza pela vitória dos atletas americanos.

Crentes de várias proveniências, entre as orações e os actos de terrorismo, só pensam em salvar a alma alheia sem descurar a própria. E os governantes europeus, pusilânimes e incultos, esquecidos das violentas guerras religiosas do passado, são incapazes de usar para os pregadores do ódio religioso as mesmas medidas de precaução e vigilância com que perseguem malfeitores de origem diferente.

Sem um sobressalto republicano e laico, sem a supremacia da cidadania sobre alegadas tradições culturais, sem a sujeição do direito canónico ao direito civil e das exibições de fé aos ditames do Código Penal, não defendemos o pluralismo e a diversidade cultural, estamos a estimular o regresso à barbárie e a abrir as portas por onde entram os inimigos da democracia, da modernidade e do laicismo.

Nota - A publicar amanhã no blogue «Sorumbático»

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