A guerra colonial e o caixão vazio
No retorno nostálgico à terminologia da ditadura, o Expresso, numa secção «Ultramar», forma com que a direita voltou a designar as ex-colónias, dá-nos conta do sumiço do cadáver do soldado Tertuliano Henriques, morto num acidente de carro em Angola, em 1967. (1.º caderno, pág. 27 – 5 de Junho de 2010)
Na nossa cultura, onde a morte se pronuncia em voz baixa, calculo a comoção de uma «Associação dos Combatentes do Ultramar Português», nome que só por si define bem a saudade do Império que a ditadura se propunha manter até ao último soldado.
Também eu me sinto perplexo perante uma urna que, em vez do cadáver de mais uma vítima da guerra injusta, chegou a Peniche contendo um sapato gasto e um par de calças envolvidos por areia.
Nada me fez crer que a ditadura nutrisse mais respeito pelos mortos do que pelos vivos. O humanismo salazarista era mais visível na forma como se abatiam ou torturavam os adversários do que nas preocupações com a miséria e o analfabetismo de um povo.
Na segunda-feira, 24 de Maio, exumou-se uma memória sem cadáver, uma canalhice sem rosto, uma mágoa sem lágrimas. O irmão está na Alemanha para onde terá ido em busca de futuro. No cemitério da Bufarda há um caixão sem defunto, uma afronta por vingar, uma dolorosa metáfora do salazarismo – o desprezo por vivos e mortos.
Foi há 43 anos e o raio da ditadura, caída há 36, não desiste de perseguir a dolorosa memória do povo que a sofreu e consentiu.
Na nossa cultura, onde a morte se pronuncia em voz baixa, calculo a comoção de uma «Associação dos Combatentes do Ultramar Português», nome que só por si define bem a saudade do Império que a ditadura se propunha manter até ao último soldado.
Também eu me sinto perplexo perante uma urna que, em vez do cadáver de mais uma vítima da guerra injusta, chegou a Peniche contendo um sapato gasto e um par de calças envolvidos por areia.
Nada me fez crer que a ditadura nutrisse mais respeito pelos mortos do que pelos vivos. O humanismo salazarista era mais visível na forma como se abatiam ou torturavam os adversários do que nas preocupações com a miséria e o analfabetismo de um povo.
Na segunda-feira, 24 de Maio, exumou-se uma memória sem cadáver, uma canalhice sem rosto, uma mágoa sem lágrimas. O irmão está na Alemanha para onde terá ido em busca de futuro. No cemitério da Bufarda há um caixão sem defunto, uma afronta por vingar, uma dolorosa metáfora do salazarismo – o desprezo por vivos e mortos.
Foi há 43 anos e o raio da ditadura, caída há 36, não desiste de perseguir a dolorosa memória do povo que a sofreu e consentiu.
Comentários
O que tanto a faz chorar?
-O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
Senhora de olhos cansados,
Porque a fatiga o tear?
-O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
.../...(coro)
Vamos, senhor pensativo,
Olhe o cachimbo a apagar,
-O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
Anda bem triste um amigo,
Uma carta o fez chorar.
-O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
...(coro)
A Lua que é viajante,
É que nos pode informar
-O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
O soldadinho já volta,
Está quase mesmo a chegar.
Vem numa caixa de pinho.
Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar.
Letra de: Reinaldo Ferreira
Balada cantada por: José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, nos anos 60.
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