COIMBRA, ”tout court”…
A rede hospitalar em Coimbra - como de resto se verifica em todo o território - sofre de várias aberrações e muitas inconformidades que os tempos de crise vão evidenciar.
É verdade que Coimbra despejada de qualquer tecido industrial, digno desse nome, terá iniciado – há alguns anos - uma viragem para o sector de serviços [o velho sector terciário] , centrada na sua Universidade e no alargado conjunto de infra-estruturas hospitalares que aqui estão sediadas.
Nasce assim a ideia de Coimbra – capital da Saúde e do Conhecimento!
A cidade ao viver subsidiária do sector de serviços enveredou por um rumo, no mínimo, arriscado. Embora as deslocalizações atingem essencialmente os sectores produtivos, o desenvolvimento económico e social, bem como o necessário combate às assimetrias, arrasta – muitas vezes - transferências de serviços. Ver, p. exemplo, caso da Universidade de Aveiro.
Desde logo, a estratégia “Coimbra – capital da Saúde e do Conhecimento”, padece de uma insuficiência basilar. Em devido tempo, devido a insondáveis “tricas político-partidárias”, não se criaram dinâmicas sociais suficientemente fortes para levar avante – como a Constituição prevê - a Regionalização do País.
Pelo contrário, uma autêntica chicana política em que os partidos se dedicaram a espúrias contabilidades eleitorais e, complementarmente, o insistente apelo a seculares medos ancorados em más experiências entrosadas em caciquismos obsoletos e bairrismos balofos, levou à realização de um referendo que, como todos sabemos, “matou” [terá só adiado?] a – sabemos hoje com maior clarividência – Regionalização.
Vem isto a propósito da recente crise que afecta a Maternidade Bissaya Barreto, causadora da demissão da Directora Clínica e de 3 responsáveis por Serviços dessa instituição de Saúde.
Fundamentalmente, o que estará em questão é o desinvestimento nesta unidade do SNS, nomeadamente, o cancelamento do centro de procriação medicamente assistida, as substituições de materiais e a degradação das instalações…
Não basta tranquilizar a população com declarações de circunstância afirmando que as consequências da actual crise “ não vão afectar a qualidade da prestação assistencial…”
link
Na verdade, independentemente da reestruturação da rede hospitalar [não só em Coimbra, mas a nível nacional] os cidadãos de Coimbra vivem tempos de desânimo, de frustrações, de incertezas...
É o seu sonho de ser capital da Saúde que é posto em causa, pois sem inovação [e o consequente apetrechamento tecnológico] bem como a mobilização de recursos humanos qualificados, acabará por fenecer à beira da praia.
Um mal nunca vem só. Acresce a estes preocupantes indícios a paralisia de projecto “Metro Mondego” que privará a cidade e concelhos limítrofes [por quanto tempo?] de uma rede de comunicações de superfície, indispensável suporte para a mobilidade das pessoas desta região, uma incontornável alavanca para o desenvolvimento local e regional.
E voltamos ao mesmo. A Regionalização poderá ser o busílis de todas estas questões.
Independentemente dos problemas nacionais sobre modelos de desenvolvimento, onde o princípio da solidariedade deve imperar, Coimbra […a Região Centro] perdeu espaço para definir e desenvolver estratégias regionais. Assim caiu o Metro e, de seguida, vão sucumbir os sonhos na área da Saúde...
Coimbra corre o risco de não ser capital de “ coisa alguma”.
Ficará no mapa – simplesmente - como “Província”… tout court!
Nasce assim a ideia de Coimbra – capital da Saúde e do Conhecimento!
A cidade ao viver subsidiária do sector de serviços enveredou por um rumo, no mínimo, arriscado. Embora as deslocalizações atingem essencialmente os sectores produtivos, o desenvolvimento económico e social, bem como o necessário combate às assimetrias, arrasta – muitas vezes - transferências de serviços. Ver, p. exemplo, caso da Universidade de Aveiro.
Desde logo, a estratégia “Coimbra – capital da Saúde e do Conhecimento”, padece de uma insuficiência basilar. Em devido tempo, devido a insondáveis “tricas político-partidárias”, não se criaram dinâmicas sociais suficientemente fortes para levar avante – como a Constituição prevê - a Regionalização do País.
Pelo contrário, uma autêntica chicana política em que os partidos se dedicaram a espúrias contabilidades eleitorais e, complementarmente, o insistente apelo a seculares medos ancorados em más experiências entrosadas em caciquismos obsoletos e bairrismos balofos, levou à realização de um referendo que, como todos sabemos, “matou” [terá só adiado?] a – sabemos hoje com maior clarividência – Regionalização.
Vem isto a propósito da recente crise que afecta a Maternidade Bissaya Barreto, causadora da demissão da Directora Clínica e de 3 responsáveis por Serviços dessa instituição de Saúde.
Fundamentalmente, o que estará em questão é o desinvestimento nesta unidade do SNS, nomeadamente, o cancelamento do centro de procriação medicamente assistida, as substituições de materiais e a degradação das instalações…
Não basta tranquilizar a população com declarações de circunstância afirmando que as consequências da actual crise “ não vão afectar a qualidade da prestação assistencial…”
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Na verdade, independentemente da reestruturação da rede hospitalar [não só em Coimbra, mas a nível nacional] os cidadãos de Coimbra vivem tempos de desânimo, de frustrações, de incertezas...
É o seu sonho de ser capital da Saúde que é posto em causa, pois sem inovação [e o consequente apetrechamento tecnológico] bem como a mobilização de recursos humanos qualificados, acabará por fenecer à beira da praia.
Um mal nunca vem só. Acresce a estes preocupantes indícios a paralisia de projecto “Metro Mondego” que privará a cidade e concelhos limítrofes [por quanto tempo?] de uma rede de comunicações de superfície, indispensável suporte para a mobilidade das pessoas desta região, uma incontornável alavanca para o desenvolvimento local e regional.
E voltamos ao mesmo. A Regionalização poderá ser o busílis de todas estas questões.
Independentemente dos problemas nacionais sobre modelos de desenvolvimento, onde o princípio da solidariedade deve imperar, Coimbra […a Região Centro] perdeu espaço para definir e desenvolver estratégias regionais. Assim caiu o Metro e, de seguida, vão sucumbir os sonhos na área da Saúde...
Coimbra corre o risco de não ser capital de “ coisa alguma”.
Ficará no mapa – simplesmente - como “Província”… tout court!
Comentários
O Centro Hospitalar de Coimbra é, sem dúvida, um centro de referência na saúde materno-infantil em Portugal, graças ao trabalho de excelência desenvolvido pelos profissionais do Hospital Pediátrico de Coimbra e da Maternidade de Bissaya Barreto ao longo das últimas décadas.
Este trabalho de excelência será, em grande medida, potenciado pela abertura do novo Hospital Pediátrico, uma unidade que contribuirá de forma inequívoca e decisiva para a qualidade dos cuidados de saúde prestados às crianças e aos jovens até aos 18 anos.
Face à capacidade técnica e aos recursos humanos instalados no novo Hospital Pediátrico e tendo em conta a necessidade de ampliação e remodelação da Maternidade, o CA do Centro Hospitalar de Coimbra considera imperativo ponderar a criação de um centro materno-infantil, que congregue as necessidades da mulher, da grávida, do recém-nascido, da criança e do adolescente. A criação de sinergias ao nível técnico e de recursos humanos, numa lógica de integração de cuidados, terá ganhos assinaláveis do ponto de vista da qualidade e da segurança dos cuidados prestados, mas também numa perspectiva de sustentabilidade económica. Esta foi a proposta apresentada ao Ministério da Saúde.
Ciente da importância, para a região e para o país, da instalação de um centro de procriação medicamente assistida ( PMA ), de resto, uma área prioritária para o Ministério da Saúde, o Conselho de Administração do CHC, EPE, perante o atraso na conclusão do projecto existente apresentou à direcção clínica da MBB uma solução: a instalação, a título provisório, de um centro de procriação medicamente assistida no novo Hospital Pediátrico, a entrar em funcionamento no curto prazo. Esta solução permitirá antecipar, significativamente, a abertura de um novo centro de procriação na região Centro com custos controlados e comportáveis num cenário de grave crise económica. Esta solução não resolverá as inadiáveis obras de recuperação profunda da actual Maternidade para adequar o nível das instalações à excelência do nível de cuidados ali dispensados com padrões de qualidade e segurança adequados à actualidade.
É neste contexto que a Directora Clínica, e em solidariedade os três directores de serviço que a assessoram apresentaram o seu pedido de demissão, facto que o CA interpreta como a expressão individual e colectiva de uma profunda tristeza e o defraudar de mais um projecto de requalifação da Maternidade. O CA está seguro de que tal facto não afectou nem afectará a qualidade da prestação assistencial porque conhece a dignidade e a alta competência do seu corpo clínico e será resolvido serena e tranquilamente com os seus profissionais.
No que respeita a um pretenso “ desinvestimento “ na área de Neonatologia o CA nega veementemente tal ideia. Não sem deixar de considerar que o novo Hospital Pediátrico que terá uma das melhores unidades de cuidados intensivos de todo o país estará preparado para continuar a dar resposta às necessidades da região. Assim não poderá deixar de trabalhar no sentido de que esta unidade e a unidade de cuidados intensivos neonatais da Maternidade tendam para uma complementaridade e integração de recursos.
Ciente da importância, para a região e para o país, da instalação de um centro de procriação medicamente assistida ( PMA ), de resto, uma área prioritária para o Ministério da Saúde, o Conselho de Administração do CHC, EPE, perante o atraso na conclusão do projecto existente apresentou à direcção clínica da MBB uma solução: a instalação, a título provisório, de um centro de procriação medicamente assistida no novo Hospital Pediátrico, a entrar em funcionamento no curto prazo. Esta solução permitirá antecipar, significativamente, a abertura de um novo centro de procriação na região Centro com custos controlados e comportáveis num cenário de grave crise económica. Esta solução não resolverá as inadiáveis obras de recuperação profunda da actual Maternidade para adequar o nível das instalações à excelência do nível de cuidados ali dispensados com padrões de qualidade e segurança adequados à actualidade.
(...)"
Gostaria de vos fazer chegar o resto do comunicado que foi enviado à comunicação social e que me parece esclarecedor do ponto de vista do CA que, como devem imaginar, vai muito mais além da citação descontextualizada usada no DN.