Alternativas & aparências…

Decorrem as Jornadas Parlamentares do PSD.

O ambiente é tenso dado não se vislumbrarem soluções miraculosas, ágeis, mobilizadoras, prêt-à-porter.
Apesar da miragem do poder estar próxima, as alternativas estão envoltas num denso nevoeiro.
Aproveita-se o ensejo para revisitar-se velhas figuras do passado [democrático, entenda-se], algumas delas politicamente desenquadradas, no actual contexto político.
Casos de Campos e Cunha, Hernâni Lopes, Vítor Bento, etc. Personalidades com curricula pouco descomprometido. Já foram ministros ou, em alternativa, ocuparam cargos públicos em instituições ligadas ao mundo das Finanças, como p. exº., o Banco de Portugal.
São economistas que – em diferentes alturas do processo político democrático – foram chamadas a ocupar lugares de responsabilidade em ministérios e/ou institutos públicos. Cumpriram ou não – a História os julgará – a sua missão. Nunca se afastaram da ribalta política e prosseguiram as sua vidas nas empresas e/ou nos meios académicos.
Exprimem opiniões requentadas pouco adequadas a serem tomadas como alternativas. São, antes de tudo, reflexos de uma continuidade de vida. Estão neste barco há largos anos pelo que, cansados e pouco confortáveis na sua ciência sobrevalorizam soluções radicais [fora do âmbito da sua competência], sem qualquer enquadramento político e social. Não se sentem comprometidos com o actual contexto constitucional e, a partir deste pressuposto, pugnam por soluções extra-constitucionais, muitas delas ao viés das soluções políticas democráticas. Gritam-nos: "It's the economy, stupid"

O PSD, paladino de projectadas mudanças constitucionais, deseja ouvi-los. A crise, no entanto, não espera. O País está cansado de tantos sound bites [sonoridades a despropósito], porque sabe que as alternativas [as democráticas] terão de usar os instrumentos políticos económicos, financeiros e sociais, disponíveis. Aqui e agora. O resto são estéreis conjecturas.

A actual crise [2008 - ?] será das primeiras crises a ser paga integralmente pelos contribuintes. Daí o nervosismo popular e a inquietação dos dirigentes políticos e económicos que não conseguem iludir esta situação.
As causas remotas da actual crise permanecem sem serem importunadas, sem serem beliscadas, totalmente impunes. A conflitualidade decorrente da crise é vasta, ainda indefinida mas, com toda a certeza, mundial. As oportunidades e as alternativas também surgirão numa escala supra-nacional.
De pouco valem as discussões domésticas, onde é mais fácil vir ao de cima muita desilusão e, em contraponto, pouca inovação. De momento, os partidos embora com poucas alternativas [pouco espaço de manobra] vão deixando vir à superfície os seus rastos ideológicos e escondem-se atrás de incontornáveis muros doutrinários. Estão entregues aos grandes partidos europeus – PPE e PSE.
Mais uma vez, o nosso futuro joga-se lá fora. Ou, para ser mais preciso, no amplo espaço europeu.
O PSD nas suas Jornadas tenta ignorá-lo e pretende que o País se sacie [sossegue] com a vã proeza de tentar meter o Rossio na Betesga.

As alternativas – é justo pensar que existem – não podem misturar-se com as aparências.

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