A política, a religião e o totalitarismo
É mais fácil ser politicamente correto do que ser politicamente justo, sobretudo quando se atinge o limiar da demência e a apoteose do extermínio.
É ocioso invocar direitos humanos perante a matança síria ou quando os ataque sunitas ressuscitam o terror sectário no Líbano. É inútil falar de democracia quando equilíbrios geoestratégicos consentem a mais negra opressão da Coreia da Norte, neste caso, quiçá, por fanáticos que não rezam nem pensam no Paraíso.
Aliás, quando o ateísmo tolera a opressão, deixa de ser uma opção filosófica e passa a ser uma religião. É por isso que, como dizia Sampaio Bruno, in «A Questão religiosa» (1907): «O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser cético, ou melhor dizendo indiferentista».
A conivência ou mera transigência dos Estados com a inclusão confessional tem efeitos devastadores sobre o pluralismo e abre caminho ao fim da democracia, quando vigora.
Não há um único país islâmico, quando jamais devia poder definir-se um país de forma confessional, onde a democracia exista. Da Arábia Saudita ao Paquistão, de Marrocos ao Egito, dentro do território da ex-URSS ou nas antigas colónias europeias, o ódio e a violência sectárias são o quotidiano de países onde à mulher se impõe a escravatura e a todos cinco orações diárias.
No Egito, na sequência de eleições democráticas, a violência era praticada pelo Estado e as proibições da sharia estavam em marcha. O golpe militar aboliu a democracia e não consegue proteger as minorias nem prescindir de uma violência igual à dos que apeou.
Os islamitas acusam os cristãos de apoiarem o golpe e têm razão, mas para os cristãos, rodeados do ódio sectário e do proselitismo dos Irmãos Muçulmanos, só existiam duas opções, morrerem a pronto ou a prestações.
Perplexo, revoltado e impotente, não tenho coragem para defender o golpe militar e mingua-me força anímica para o condenar.
É ocioso invocar direitos humanos perante a matança síria ou quando os ataque sunitas ressuscitam o terror sectário no Líbano. É inútil falar de democracia quando equilíbrios geoestratégicos consentem a mais negra opressão da Coreia da Norte, neste caso, quiçá, por fanáticos que não rezam nem pensam no Paraíso.
Aliás, quando o ateísmo tolera a opressão, deixa de ser uma opção filosófica e passa a ser uma religião. É por isso que, como dizia Sampaio Bruno, in «A Questão religiosa» (1907): «O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser cético, ou melhor dizendo indiferentista».
A conivência ou mera transigência dos Estados com a inclusão confessional tem efeitos devastadores sobre o pluralismo e abre caminho ao fim da democracia, quando vigora.
Não há um único país islâmico, quando jamais devia poder definir-se um país de forma confessional, onde a democracia exista. Da Arábia Saudita ao Paquistão, de Marrocos ao Egito, dentro do território da ex-URSS ou nas antigas colónias europeias, o ódio e a violência sectárias são o quotidiano de países onde à mulher se impõe a escravatura e a todos cinco orações diárias.
No Egito, na sequência de eleições democráticas, a violência era praticada pelo Estado e as proibições da sharia estavam em marcha. O golpe militar aboliu a democracia e não consegue proteger as minorias nem prescindir de uma violência igual à dos que apeou.
Os islamitas acusam os cristãos de apoiarem o golpe e têm razão, mas para os cristãos, rodeados do ódio sectário e do proselitismo dos Irmãos Muçulmanos, só existiam duas opções, morrerem a pronto ou a prestações.
Perplexo, revoltado e impotente, não tenho coragem para defender o golpe militar e mingua-me força anímica para o condenar.
Comentários
De uma página guardada, de Tennyson.
Devia ser, tanto maior, quanto mais elevados os cargos.
Mas foi a imaturidade, inconsciência, ignorância, aliados à irresponsabilidade geral suportada pela bovinidade da plebe, que tomaram conta dos governos.