As praxes e as praxes violentas
Aventar |
Se soubessem como o Antigo Testamento defende que se tomem os estrangeiros como escravos e o pai possa vender as filhas (não os filhos), não se surpreenderiam que tantos se envolvessem na defesa dessas tradições.
Se se lembrassem como os muçulmanos defendem o direito de posse sobre as mulheres, não se admirariam dos suicidas que combatem essa heresia da igualdade de género.
Agostinho de Hipona, conhecido por Santo Agostinho, argumentava que se a tortura era adequada para aqueles que violavam as leis dos homens, era-o ainda mais para aqueles que violavam a lei de Deus. Foi difícil erradicá-la dos códigos penais e ainda se pratica.
A tradição, por mais estúpida e cruel, por mais recente e ignóbil, tem, só por si, o valor que a inércia intelectual lhe confere.
Associações de estudantes, partidos políticos de direita e até nostálgicos da juventude, alguns de ótima formação, defendem que as praxes violentas devem ser proibidas, uma forma enviesada de aceitar as menos violentas, a autoridade sem escrutínio e o poder arbitrário de estudantes mais velhos e cábulas militantes.
Pensemos numa associação de carteiristas, em atividade extra escolar de uma qualquer madraça. Confrontada com um sócio que, para roubar 5 euros à velhota que seguia no metropolitano, lhe furou as tripas com a naifa de ponta e mola, defenderia a proibição da violência na atividade. O que ele nunca aceitaria era o fim do direito à extorsão.
Na praxe académica não está em causa uma questão de grau, está em causa a liberdade e a dignidade, incluindo os que renunciam voluntariamente a elas, e a ilicitude de quem não tem outro argumento para além da tradição.
A tortura sem magoar muito, a humilhação que não violente demasiado, a agressão que não aleije, não são toleráveis, são meros subterfúgios para manter os mesmos males que a sociedade de classes macaqueia pedagogicamente nas escolas para se perpetuar.
A moderação das praxes lembra a entrada das tropas do general Moscardó, em Toledo. O capelão que as assistia, gritou com alvoroço aos soldados, «matai, matai, irmãos…» e, lembrando-se de que ficava mal à sua condição, acrescentou «…mas, com piedade».
A moderação não legitima a iniquidade.
Comentários
Supostas práticas de 'integração' não podem ofuscar a autonomia nem agredir a identidade dos alunos recém chegados ao ensino superior. Portanto, o horizonte de intervenção é muito estreito.
E quando a integração se transfere para 'rituais de iniciação' o conceito de 'violência' dilui-se e adquire características de difícil avaliação.
Ontem, depois da reunião entre o MEC e as associações de estudantes tornou-se bem visível uma deriva para 'soluções intermédias', de compromisso, sob os escombros de matérias com elevada subjetividade.
Não existe uma fronteira nítida e escrutinável que possibilite uma fácil e segura separação dos procedimentos agressivos face aos 'toleráveis' , nomeadamente, no terreno psicológico. Pelo que o caminho escolhido por Nuno Crato está cheio de escolhos.
Em questões de Direitos Humanos não é prudente, nem avisado, cair em 'meias soluções'. Por isso é que, por exemplo, no caso da escravatura (que por vezes tem sido invocada em relação à presente questão) nunca existiram soluções de compromisso que originassem 'meios escravos'. A opção real e acertada foi, na realidade, o 'abolicionismo'.
No presente parece não existir uma melhor solução embora nestas questões (de liberdades) existam sempre riscos de desencadearem atitudes de resistência (reativas) que poderão até desembocar na clandestinidade.
Mas isto é outra discussão...
nike air force
jordans for cheap
adidas superstar
lebron shoes
nike air zoom
nike air max 90
michael kors factory outlet
pandora uk
pandora store
true religion
nike zoom
roshe shoes
nike air zoom
yeezy boost
air jordans
michael kors
nike roshe one
cheap jordans
air max 2017
rolex watches
oakley sunglasses wholesale
ugg outlet
michael kors handbags
moncler outlet
supra shoes
hugo boss sale
michael kors uk
nike trainers