A crise grega e mundial e os timoneiros lusos
O PR dos EUA e o da França, apesar da irrelevância do último, “concordaram em unir esforços a favor do recomeço das negociações” com a Grécia. Merkel, apesar de vítima de críticas e da aversão ao seu ministro das Finanças, parece ser a única dirigente na UE a pensar e que se dá conta de que o futuro do euro está ligado ao da Europa.
Todos perceberam que os credores não podem impor aos devedores acordos impossíveis de cumprir, fazer empréstimos sob chantagem, para proteger os seus bancos, e condenar países ao desemprego, à fome, ao desespero e à violência.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, diz agora que a porta continua aberta. O presidente do Parlamento Europeu adverte os gregos contra os riscos de “má decisão” no referendo e Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, segue-o na advertência. O presidente da CE, Claude Juncker, diz que «Aqui todos ganham ou todos perdem».
No fundo, querem destruir o Syriza e temem destruir a Europa. Já se resignam a impor apenas em quem Atenas pode votar, indiferentes ao livre exercício do voto.
Strauss Kahn, ex-diretor do FMI defende a reestruturação da dívida grega, o que sólidos talentos lusos, Passos Coelho e Cavaco, negaram veementemente na defesa das ‘regras’. Os norte-americanos Paul Krugman e Joseph Stiglitz, prémios Nobel da Economia, desconhecidos em Massamá e Boliqueime, corroboram a opinião de Strauss Kahn e a bondade das propostas do Governo grego.
Observar esta crise, ignorando a do capitalismo global, detonada na falência do banco Lehman Brothers, nos EUA, cujas ondas de choque não pararam, é a visão redutora de quem não consegue imaginar a doença para além dos mais óbvios sintomas.
Em Portugal, há quem ignore que o problema grego é comum, que à Grécia se seguirá Portugal e, depois, outros, com efeito dominó, se antes não for encontrada uma solução. O PM e o PR, à semelhança dos passageiros do autocarro n.º 16, Carapinheira-Coimbra, não veem que ao ‘grexit’ se seguirá o ‘eurexit’ [também tenho direito a cunhar um novo termo, aliás, sem grande originalidade].
Ouvir o PM, cuja formatação ajuda a entender as declarações, em linha com as decisões venais e nepotismo, é confrangedor, mas ouvir o PR, no meio da tempestade, no Titanic [UE], perante o naufrágio do primeiro passageiro [a Grécia] a dizer que “… se sair ficam 18 países”, não é apenas o rebuscado exercício de aritmética ao nível do primeiro ano de escolaridade, é a metáfora de alguém que faz de Hollande um estadista notável.
Ponte Europa / Sorumbático
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