Eusébio e o panteão
O estado a que o Estado chegou, com este Governo, este PR e esta maioria, levou a AR a votar por unanimidade a trasladação do melhor futebolista português, de sempre, para o Panteão Nacional. Nem um só deputado discordou com a força de um pontapé ou uma cabeçada na unanimidade.
Eu sei que Saramago não se pode confrontar com Eusébio, que uma finta do futebolista valia mais do que a obra de Lobo Antunes, que um golo de Eusébio mexia mais com os portugueses do que o cerco do Quartel do Carmo, por Salgueiro Maia, que uma corrida com a bola é mais sublime do que a poesia de Ari, Alegre e Pessoa, que a gesta lusitana não se escreveu na batalha de Aljubarrota com armas contra castelhanos mas na vitória sobre a Inglaterra no confronto de um jogo.
Há quem pense que uma bota de ouro vale menos do que um Nobel e uma bola de ouro mais do que a dívida soberana, mas quem compara a obra do Padre António Vieira com a do artífice de 11 campeonatos nacionais de futebol e cinco taças de Portugal?
Vasco da Gama ou Pedro Álvares Cabral foram ilustres mas nenhum deles determinante na Taça dos Campeões Europeus de 1961/62.
O respeito pela memória de Eusébio merecia que o poupassem ao reenterro a que hoje o sujeitaram, com o ar compungido de quem não interrompeu férias aos netos na morte de Saramago e dos numerosos figurantes e figurões que não perdem uma missa filmada e a exumação destinada ao panteão.
A cerimónia de hoje nada acrescenta à glória de Eusébio mas é a metáfora do País que se une nos funerais e no ridículo.
Eu sei que Saramago não se pode confrontar com Eusébio, que uma finta do futebolista valia mais do que a obra de Lobo Antunes, que um golo de Eusébio mexia mais com os portugueses do que o cerco do Quartel do Carmo, por Salgueiro Maia, que uma corrida com a bola é mais sublime do que a poesia de Ari, Alegre e Pessoa, que a gesta lusitana não se escreveu na batalha de Aljubarrota com armas contra castelhanos mas na vitória sobre a Inglaterra no confronto de um jogo.
Há quem pense que uma bota de ouro vale menos do que um Nobel e uma bola de ouro mais do que a dívida soberana, mas quem compara a obra do Padre António Vieira com a do artífice de 11 campeonatos nacionais de futebol e cinco taças de Portugal?
Vasco da Gama ou Pedro Álvares Cabral foram ilustres mas nenhum deles determinante na Taça dos Campeões Europeus de 1961/62.
O respeito pela memória de Eusébio merecia que o poupassem ao reenterro a que hoje o sujeitaram, com o ar compungido de quem não interrompeu férias aos netos na morte de Saramago e dos numerosos figurantes e figurões que não perdem uma missa filmada e a exumação destinada ao panteão.
A cerimónia de hoje nada acrescenta à glória de Eusébio mas é a metáfora do País que se une nos funerais e no ridículo.
Comentários
Artur Gomes
Não reconheço é em Saramago uma situação sequer análoga à do "pantera negra" porque qualquer português médio teria sempre muito mais direito a honras de figurar no panteão por mais irrelevantes que fossem os seus feitos do que um Iberista confesso...