28 de maio
Há 90 anos, a República vergou-se à sedição militar, nacionalista e antiparlamentar que lhe pôs termo. O que poderia ser mais um golpe de Estado, transformou-se na ditadura que as forças reacionárias já haviam tentado com Pimenta de Castro e Sidónio Pais.
As sequelas da Primeira Guerra Mundial, nas finanças e na política, a instabilidade, o mal-estar generalizado, a convergência de monárquicos, clérigos e outros fascistas que germinavam no CADC, criaram as condições para a ditadura a que poucos se opuseram na presunção do seu carácter benigno e passageiro. Em comum, todos nutriam um ódio fanático ao parlamentarismo.
De Coimbra, Cerejeira e Salazar seriam os artífices de uma aliança que não restaurou o trono, mas uniu o fascismo português e a Igreja católica, seguindo a Itália de Mussolini como, mais tarde, a Espanha do genocida Franco e vários países europeus. Em Portugal, a reflexão política foi medíocre e, longe de se afirmar numa ideologia clara, aproveitou as rivalidades entre republicanos, o ódio recalcado à República e a inspiração italiana.
Um seminarista que abandonou o seminário e o outro que chegou cedo a cardeal e seria, durante décadas, a figura preponderante da Igreja católica, foram os esteios da ditadura.
Impôs-se o partido único, fortaleceu-se a polícia política e estabeleceu-se a censura. Nos púlpitos e nas escolas a apologia da ditadura e o culto da personalidade do ditador foram uma constante do regime que a cumplicidade externa e o terror interno eternizaram.
Salazar tornou-se o ditador mais longevo do século XX e Portugal o país mais atrasado da Europa.
Hoje, ao assinalar-se o 90.º aniversário do 28 de maio, devemos refletir na precariedade da democracia e ter consciência de que não há liberdades vitalícias. Sirva um dia negro da História para refletir nos perigos que nos espreitam. Durante 48 anos não existiu uma República ou uma Monarquia, houve uma monocracia cujos saudosistas, por ignorância ou vingança, não desistem de ver restaurada com um novo ditador, se possível, eleito.
A União Europeia é um guarda-chuva que ameaça desconjuntar-se com o vendaval que varre a Europa e, em Portugal, os salazaristas não serão sempre tão néscios como os últimos que a democracia alcandorou ao poder.
As sequelas da Primeira Guerra Mundial, nas finanças e na política, a instabilidade, o mal-estar generalizado, a convergência de monárquicos, clérigos e outros fascistas que germinavam no CADC, criaram as condições para a ditadura a que poucos se opuseram na presunção do seu carácter benigno e passageiro. Em comum, todos nutriam um ódio fanático ao parlamentarismo.
De Coimbra, Cerejeira e Salazar seriam os artífices de uma aliança que não restaurou o trono, mas uniu o fascismo português e a Igreja católica, seguindo a Itália de Mussolini como, mais tarde, a Espanha do genocida Franco e vários países europeus. Em Portugal, a reflexão política foi medíocre e, longe de se afirmar numa ideologia clara, aproveitou as rivalidades entre republicanos, o ódio recalcado à República e a inspiração italiana.
Um seminarista que abandonou o seminário e o outro que chegou cedo a cardeal e seria, durante décadas, a figura preponderante da Igreja católica, foram os esteios da ditadura.
Impôs-se o partido único, fortaleceu-se a polícia política e estabeleceu-se a censura. Nos púlpitos e nas escolas a apologia da ditadura e o culto da personalidade do ditador foram uma constante do regime que a cumplicidade externa e o terror interno eternizaram.
Salazar tornou-se o ditador mais longevo do século XX e Portugal o país mais atrasado da Europa.
Hoje, ao assinalar-se o 90.º aniversário do 28 de maio, devemos refletir na precariedade da democracia e ter consciência de que não há liberdades vitalícias. Sirva um dia negro da História para refletir nos perigos que nos espreitam. Durante 48 anos não existiu uma República ou uma Monarquia, houve uma monocracia cujos saudosistas, por ignorância ou vingança, não desistem de ver restaurada com um novo ditador, se possível, eleito.
A União Europeia é um guarda-chuva que ameaça desconjuntar-se com o vendaval que varre a Europa e, em Portugal, os salazaristas não serão sempre tão néscios como os últimos que a democracia alcandorou ao poder.
Comentários
A Ditadura militar decorrente do 28 de Maio de 26 teve outros apoios oriundos desta cidade.
Falo de Mendes dos Remédios e de Manuel Rodrigues Júnior, professores da UC, que com Salazar constituíram a 'troika' que foi convidada para integrar o primeiro governo da ditadura militar, chefiado por Mendes Cabeçadas.
Na altura, os 3 professores foram jocosamente designados pela 'Tuna de Coimbra'...
Como denominador comum a estas 3 personagens deverá ser referido que todos - antes de se lançarem nas lides académicas - andaram por seminários...
Na terminologia moderna podemos considerá-los um 'case study'.
Reconheço que faltam esses e muitos outros seminaristas. Fiz o esboço de uma tragédia. Podes pintar o quadro que tens conhecimentos para isso.
O que queira enfatizar é que o 28 de Maio 26 foi, no meu discernimento, um golpe conjunto da caserna e da sacristia.
Há precoces antecedentes nesta conjugação de 'esforços' que podemos verificar quer na 'aventura sidonista', quer nas 'aparições' de Fátima, factos que ocorrem quase simultaneamente em 1917, i. e., muito poucos anos após a implantação do regime.
Outra coincidência ?...