Notas Soltas - Julho/2009

Honduras – O golpe de Estado militar que depôs o presidente Manuel Zelaya e o enviou para o exílio, foi a reedição de um velho hábito sul-americano cujo efeito de contágio pode encorajar tradições deploráveis.

União Europeia – Com a crise económica e ambiental longe do fim, após o pesadelo da liderança checa, renasce a esperança sob a presidência da Suécia.

BCP – O direito de Jardim Gonçalves a avião do banco, até ao fim da vida, pode ser imoral mas não deixa de ser irónico precisar de avião quem, no Opus Dei, acredita que basta a santidade para alcançar o céu.

Manuel Pinho – O gesto grosseiro do ex-ministro da economia, menos obsceno que o insulto do deputado José Eduardo Martins (PSD) a Afonso Candal (PS), lembrou os vergonhosos espectáculos da Assembleia Regional da Madeira.

Coreia do Norte – O lançamento de mísseis é o fogo de artifício que esconde a condenação à morte de 40% da população faminta e desafia o mundo cansado do biltre paranóico de uma dinastia de imbecis perigosos.

Irão – A morte de Neda, a jovem assassinada pelo regime teocrático, é a imagem brutal da repressão do clero nos países onde é poder.

Vaticano – Bento XVI, ao renovar a confiança no diálogo com os seguidores de Lefebvre, que reiteradamente o desafiam e recusam o concílio Vaticano II, é indulgente com o anti-semitismo e as posições abertamente fascistas da seita.

Afeganistão – Se a guerra contra o terrorismo islâmico for perdida, a Europa e os EUA ficam vulneráveis à chantagem nuclear, enquanto alguns intelectuais europeus vão promovendo a resistentes os talibãs da Al-Qaeda.

Espanha – Os bispos bascos pediram desculpa, após 70 anos, pelo silêncio sobre a morte de 14 sacerdotes fuzilados pelos franquistas, mártires não canonizáveis, por terem apoiado o regime legal quando a Igreja ajudava os fascistas a tomarem o poder.

Palma Inácio – Morreu aos 87 anos um dos mais bravos resistentes antifascistas e um dos mais torturados pela PIDE. Morreu pobre e honrado o fundador da LUAR que depôs as armas logo que a ditadura foi derrubada.

EUA – Dick Cheney, vice-presidente de Bush, desenvolveu um plano secreto para assassinar elementos da Al-Qaeda e ocultar os crimes ao Congresso. Este facínora anda à solta a gozar a reforma que devia receber numa cadeia de alta segurança.

Gripe H1N1 – A forma serena como a ministra Ana Jorge alerta os portugueses para a pandemia que a OMS qualificou de grau 6 revela uma forma hábil de informar sem provocar alarme e gerar o pânico.

Alberto João Jardim – O velho fascista propôs a ilegalização dos comunistas perante o silêncio medroso do PSD e do PR. O homem só compreende a linguagem do coronel Lacerda que, após insultos aos militares, lhe deu um par de estalos.

Barack Obama – Os inimigos dos EUA insistem em denegri-lo mas não negam a clarividência do homem excepcional que proferiu no Gana mais um discurso brilhante onde fez o diagnóstico e apontou a terapêutica para os males de que a África padece.

Nelson Mandela – No seu 91.º aniversário lembrámo-nos de que há homens cujo exemplo é uma referência para a humanidade. Um caso raro em África e no Mundo.

Sílvio Berlusconi – Na sequência dos escândalos sexuais e da reprovação pública do Vaticano, declarou: «eu não sou um santo», como se o processo de beatificação já estivesse em curso.

Alunagem – Há quarenta anos, no dia 20, Neil Armstrong entrou na História superando os limites físicos da Terra. Foi «um pequeno passo para um homem [e] um salto gigantesco para a Humanidade». Depois, a corrida espacial transferiu-se para o armamento.

Turquia – Não há democracia sob controlo das Forças Armadas mas os militares queriam laicizar o Estado e o governo legítimo procura islamizá-lo. As tiranias também podem ser sufragadas e a teocracia é a pior de todas.

Cavaco Silva – A oposição ao Governo e à Assembleia da República, com a colagem ao PSD, influenciará os próximos actos eleitorais. O risco de um Governo de transição é grande e o PR será responsabilizado pela tempestade dos ventos que semeia.

ETA – A organização terrorista, desatinada e sem rumo, ainda resiste, semeando o pânico, com numerosas explosões e vítimas.

Estatuto dos Açores – Todos agiram mal, o presidente dos Açores a parecer o da Madeira, deputados de todos os partidos (sem um voto contra), PR, que devia ter enviado as normas ilegais para o T. C., e este, que fez o que devia na altura errada, em época eleitoral.

Fátima Felgueiras – Para abalar o prestígio da justiça, a absolvição da autarca mostrou a irrelevância da acusação ou a maldade do julgamento público ou a leviandade do pedido de previsão preventiva ou tudo isso.