Mutilação Genital Feminina (MGF) - (3)
Tanto quanto me parece a MGF é uma nefasta prática que antecede o Islão.
Segundo tenho lido o Alcorão nem sequer a menciona.
Aliás a MGF de acordo testemunhos históricos é praticada há milhares de anos, em comunidades animistas.
Posteriormente, com algumas variantes, até os cristãos a praticaram.
A crença disseminada que o Islão a considera uma prática válida só tem cabimento em comunidades iletradas e muitos ulemás e muftis (clérigos islâmicos) adoptaram-na porque estão convictos que esse facto lhe confere autoridade perante as populações.
Tal facto faz com que muitos islâmicos considerem as campanhas contra a MGF como "ataques" ao Islão.
No Egipto, para citarmos um país islâmico, a proibição do acto de mutilação feminina foi determinada pelo Ministério da Saúde em 2007, mas a lei que criminaliza e prevê pena para todas as formas de mutilação genital feminina só foi aprovada em 2008.
Esta legislação recebeu o apoio dos muftis que garantem que a mutilação não é prevista pelo Islão.
O grande Sheikh da mesquita al-Azhar, no Cairo, afirmou diversas vezes que a “mutilação genital feminina é anti-islâmica”.
Esta prática era frequente no Egipto, tanto em adolescentes islâmicas como cristãs (coptas), nomeadamente nas regiões rurais onde a qualidade de vida é precária e nos arrabaldes das grandes urbes onde a situação económica é degradante.
Um dos novos problemas é que a MGF está a ser praticada, cada vez mais, em crianças de tenra idade, já que as adolescentes começam a oferecer resistência à sua realização. E, nestas circunstâncias, a MGF perde um importante apoio, que ia buscar no contexto cultural, já que integrava as festividades da transição da idade púbere para a adultícia. Ao praticá-la na infância fica completamente descontextualizada e, esta anómala circunstância, deve ser utilizada no combate e prevenção da MGF.
Na realidade, a MGF é muito frequente na Eritreia, Etiópia e Somália e até há alguns anos no Egipto, mas é rara no mundo árabe e islâmico.
Portanto, a sua origem parece encontrar-se nas comunidades tribais de África, essencialmente, sob o aspecto religioso animistas, tendo migrado da África sub-sahariana para o Mediterrâneo, seguindo as caravanas do ouro e das pedras preciosas e, hoje, assentou arraiais no Norte de África (corno de África).
A aleivosia dos dirigentes da comunidade muçulmana da Guiné-Bissau, não será mais do que puro oportunismo.
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