O círculo vicioso...
O programa eleitoral do PSD é um documento, políticamente, intemporal.
É uma abordagem contra tudo o que constitui e integra o nosso passado recente, do qual o PSD também é parte.
Não consegue datar-se, entrar em sintonia com a realidade actual e aligeirar a carga revanchista que o emprenha.
Passa sobre a crise económica e social que nos atinge, de um modo que nos faz recordar o famoso filme de Elizabeth Taylor, Paul Newman, etc. – "Cat on a hot tin roof" (gata em telhado de zinco quente, na versão portuguesa)...
A recuperação económica tende a “arrastar” na sua esteira perturbações na salvaguarda e na defesa dos direitos humanos.
Exactamente, como sucedeu com as políticas securitárias musculadas, perante o alastrar do terrorismo.
As crises induzem a activação do ancestral “espírito de sobrevivência” e a tendência para trazer à superfície mecanismos egoístas do tipo “salve quem puder”
O programa eleitoral do PSD cai nesse pecadilho.
Inconscientemente – sem nunca o referir – dá de barato que o fim da recessão está à vista e arregaça as mangas para a reanimação da economia.
Não escalpeliza nem os mecanismos nem as concertações económico-sociais preconizadas pela UE para fazer face à crise e que, naturalmente, envolveram o Governo português.
Para Manuela Ferreira Leite isso é passado e não cabe na sua fantástica descoberta: a elegia da verdade, i.e., a sua última obsessão que molda um programa cuja primeira impressão é que se trata de um documento déjà vu...
Com o ar severo e atinado de uma “mestre-escola” divulga um programa que prevê a recuperação económica utilizando os mesmos instrumentos, os mesmos meios, a mesma doutrina que congregados foram a causa remota da crise.
Isto é, cria um nevoeiro, levanta a poeira para preconizar um sub-reptício retorno ao mais feroz neo-liberalismo.
Se, em 27 de Setembro, os portugueses enveredassem por esse caminho, era só esperar pela “incubação” – a breve prazo - de uma nova crise.
Os ingredientes estão todos no referido programa. A começar pelo aforismo: Menos Estado, Melhor Estado.
Todavia, contorna aquilo que todos sabemos e constatamos: a rábula sobre o poder do do mercado regular a economia.
O programa eleitoral do PSD ao insistir nas fórmulas neo-liberais que provocaram o descalabro perde a respeitabilidade e torna-se um documento panfletário que masturba a realidade - e para ignorar a crise - descreve um "verdadeiro" circulo vicioso.
Os líderes políticos têm de investir numa nova ordem económica.
Não podem insistir, outra vez, mais uma vez, em prometer - sim porque o dito programa ao contrário do anunciado é um arrasoado de mal definidas e confusas promessas - aos eleitores:
- Mais do mesmo...!
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