Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
O diploma conjunto do PS e do PSD de revisão da lei eleitoral autárquica foi, esta quarta-feira, chumbado no Parlamento em votação final global com os votos contra dos sociais-democratas, CDS-PP, PCP, BE e PEV.
Comentários
As desavenças entre o Bloco Central às vezes têm alguma de útil.
Poderemos vir a ter uma Câmara a governar em maioria absoluta, tendo tido uma votação à volta dos 20%.
Para mim os eleitores é que devem decidir se deverá ter, ou não, maioria absoluta (e não por via administrativa
A preparação, os estudos, os contactos, em qualquer sítio. Tudo bem.
A discussão da Constituição vir encerrada num envelope, já com tudo acordado, ou no Largo do Rato ou na Rua de São Caetano, choca com o meu espírito parlamentar (ou com a minha concepção representativa parlamentarista).
Mais, a concertação reservado atrás de reposteiros, fora do alcance das galerias de S. Bento
parece-me o jogo das escondidas que todos praticamos em crianças.
Eu sei que na prática os simbolos do Poder são, isso mesmo, só simbolos.
Ninguém revela, ou revelará, com pormenor e exactidão onde de facto mora o poder, ou pior, onde o Poder se reune para decidir. Até porque o Poder terá, hoje, uma distribuição multifocal.
Por isso, estes "diplomas cozinhados" transmitem-me uma ideia de menoridade democrática - que não aprecio.
Mas, já sei que daqui a dias vai suceder o mesmo...em qualquer sítio.
De qualquer modo o meu protesto.