Desventuras do Professor Cavaco
Cavaco Silva, quiçá traído por amigos, foi mais infeliz a nomear um importante assessor – Fernando Lima – do que a convidar Dias Loureiro para Conselheiro de Estado.
Não se parta daqui para injustas suspeições sobre o PR. É verdade que as circunstâncias lhe têm sido adversas e as declarações públicas, por excesso ou omissão, o desfavorecem.
Acontece que nunca esclareceu como, ele e a filha Patrícia, compraram em 2001, 254 mil acções da SLN, grupo detentor do BPN, quem fixou o valor das acções (não cotadas na Bolsa) e, para acabar com todas as suspeitas maldosas, dizer se pagou em cheque ou em numerário e a quem.
A feliz coincidência de ter aparecido comprador para as suas acções e as da filha, no mesmo dia, e com interessantes mais-valias, sendo um assunto particular, numa época em que não tinha funções do Estado, devia ser explicada para afastar os sussurros dos invejosos e as insinuações dos inimigos, já que as acções detidas durante mais de um ano estão isentas de imposto de mais-valias.
Seria curioso conhecer os critérios de avaliação da SLN que, na mira do lucro, lhe comprou acções de quase nula liquidez, estando hoje a carpir mais um negócio que correu mal.
Para aumentar o desgaste a que tem estado sujeito, o seu principal assessor, cujo currículo no DN parece ter sido ignorado por Cavaco Silva, usa o nome honrado do PR para fins que, aos olhos dos leigos, se afiguram como uma conspiração. O homem que encomendou «o caso das escutas», como se lê a toda a largura da primeira página do DN, de hoje, ainda não está a ser averiguado pela PJ e nem sequer foi ainda demitido.
O País está em pânico. O PR não pode adiar para depois das eleições a explicação de tão graves acusações que salpicam o Palácio de Belém. Cavaco precisa de acabar o mandato com dignidade, para salvar a honra própria e a das instituições democráticas.
Isto se, face à gravidade do que está em causa, a demissão não for a única saída honrosa.
Comentários
subscrevo o teu blog.
Um abraço Tó-Zé
O que se passou é uma ferida aberta no nosso edifício democrática, cruenta, que sangra.
Não vamos exaurir a democracia nesta hemorragia para depois do dia 27 tamponar-mos e suturar-mos esta chaga.
Este é um assunto urgente. Uma emergência democrática.
Igualmente, não percebo os paninhos quentes que Sócrates colocou sobre esta manobra injuriosa...
Em meu entender, o PR, deve ao País explicações, já!
O caso não começou hoje com a 1ª. página do DN. Arrasta-se em banho-maria, desde Agosto.
Outra pergunta: O que quer insinuar o PR sobre um eventual "controlo" aos Serviços de Informações?
Onde começam e acabam as suas competências nesta área.
Na “cooperação estratégica”?
O que não vale é encanar a perna à rã...