Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
Quer seja no Vaticano, quer em Palm Beach, quer em Harlém, nas favelas do Rio ou no Bairro dos Hungaros, o principal interessado é sempre o último a saber...
Ou, ao próprio, convém que assim seja.
Neste caso, B16 passa da desejada coerência de um indefectível unificador da ICAR - não agiu do mesmo modo enquanto cardeal Ratzinger em relação à Teologia da Libertação - para um vulgar mistificador da realidade quotidiana da comunicação.
B16, é um eterno inocente.
Quer seja na retórica proferida em Ratisbona, quer no lidar com os padres pedófilos e a redenção que prometeu aos bispos irlandeses – o que escandalizou os católicos na Irlanda, quer nos conflitos que uma incontrolável sede de protagonismo político da ICAR na pretensão de influir sobre questões fracturantes como o aborto, as uniões homossexuais, a eutanásia, etc, que o impediram de estar na abertura da Universidade " La Sapienza" em Roma, etc., há sempre, um falha de comunicação, de informação. E, depois, há sempre uma justificação – não interessa que seja ou não plausível…
Foi o que sucedeu agora com a reconciliação com o bispo negacionista Richard Williamson, da Fraternidade São Pio X, que abriu uma nova polémica, desta vez entre Ratzinger e os judeus.
E, no seguimento destas atoardas, sucedem-se as peregrinações papais pelo Médio Oriente, os pedidos de desculpa, os encontros privados, a "batalha ecuménica", etc.
Finalmente, para rematar a sua papal inocência põe o seu "assessor de Imprensa" - o jesuíta Federico Lombardi - a desmentir o bispo de Estocolmo que não dispensa a denúncia destes problemas e factos no site informático da sua diocese.
Enfim, no meio de tanta torcida e fabricada inocência, interrogo-me se Fernando Lima em vez de trabalhar para Cavaco trabalhasse para Ratzinger, não teria passado pelo circense vexame de ser “atirado aos leões” a ver se saciava a fome dos que questionam Belém (e não só Fernando Lima).
Porque na verdade é diferente o exercício das mesmas funções, num feudo teocrático, do que num país democrático...
E a diferença existe – no Estado democrático - para todos: para os assessores e para os titulares de altos cargos...chama-se responsabilidade e dignidade.
Outros, com capacidade de “fabricar dogmas”, e a sua entourage, são para além de inimputáveis, exímios no exercício da hipocrisia.
É mais fácil para uma adulto acreditar no Pai Natal do que nas inventivas desculpas do Vaticano…
Foi quando expulsaram os judeus da Ibéria e lhes roubaram o que puderam.
Foi quando mandaram matar os huguenotes. Ou as seitas medievais?
Foi quando o nazismo jantava à mesa no Vaticano, logo desde o seu início.
Foi assim quando dos massacres do Huganda. O Ihdi Ahmin era uma excelente pessoa. Até foram à sua coroação.
Foi assim mesmo quando o Pinochet massacrava religiosos e laicos.
Não me recordo de os ver perder o apetite depois de Hirochima ou de Nagazaki. Se interromperam algum repasto foi para desligar as notícias e mandar vir nova garrafa...
A guerra do Vietnam com mais de 20 milhões de mortos, foi coisa de somenos.
O tal banco do Vaticano que traficava em armas e no que mais um dia se saberá, foi obra do demónio, tá-se a ver!
Agorinha, mesmo os crimes de Israel, devem ser compreendidos e as suas armas atómicas são legítimas.
Os massacres em Sabra e Chatila perpretados pelas milícias cristãs a soldo de Israel não passaram de danos colaterais.
O Vaticano tem apenas uma política há séculos: Está sempre com os poderosos contra os indefesos, os mais frágeis!
O resto é poeira da estrada.
MFerrer