Silêncio ou... desprezo?


No já tristemente célebre caso da suspeita de vigilância ao staff presidencial pouco haverá a preservar, a não ser o sepulcral silêncio que se abate sobre o País.
A demissão de Fernando Lima, para além de ser um facto, nada adianta no esclarecimento desta infausta situação que se vive no período pré-eleitoral e agita às águas políticas, melhor diria, partidárias.

Fora os malabarismos de Pacheco Pereira e da insinuação de Luís Filipe Menezes (este mais objectivo), bem como da habitual truculência de Augusto Santos Silva (sempre pouco linear) e, finalmente, da posição serena e cautelosa de António Vitorino (sempre sistematizada), o País mantêm-se expectante, desiludido, diria, indignado.

Neste momento, Cavaco Silva deterá informações sobre a urdidura da tão badalada vigilância que fundamentaram a exoneração do seu assessor.
Felizmente, que o PR não se acantonou na velha fórmula – exonerado a seu pedido…

O facto – há mais factos para além da demissão de Fernando Lima… – do PR refugiar-se num sepulcral silêncio, traz prejuízos insanáveis para a transparência das próximas eleições Legislativas.

A situação vivida em Belém não é um problema do Presidente da República. O PR é um dos protagonistas político que está no epicentro da crise. À sua volta estão milhões de portugueses e portuguesas.

Esta situação - não vamos tentar tapar o sol com uma peneira – foi aproveitada, directa ou subliminarmente, para tentar fazer passar a ideia que Portugal vive num ambiente de medo e de asfixia. Portanto, o PR ao escusar-se a deslindar todo o emaranhado deste caso, nunca poderá fugir à insinuação de estar a proteger partidos intervenientes nestas eleições.

Mas, o grave, o calamitoso, será deixar o País caminhar para umas eleições furtando-lhe informações que podem, eventualmente, ser determinantes para o seu esclarecimento.
Votar é um acto mais complexo do que, aparentemente, o PR, julga. O esclarecimento político e a detecção de uma projecção do futuro, são parte integrante desse dever cívico.

Neste momento, Cavaco Silva está a assumir uma posição política nebulosa e a encarcerar uma parte do nosso futuro colectivo, no pátio do Palácio de Belém.

Aliás, como dizia, Bernard Shaw, in “Back to Methusalah”:
O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo.

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