A Conversa em Família do PR em 29-09-09
Ontem assisti à mais deprimente manifestação de ódio e ressentimento do Chefe de Estado. É, aliás, difícil ver na comunicação ao País mais do que um fanático partidário desorientado com os resultados eleitorais do seu partido e da líder sua amiga.
A gravidade da tentativa de conspiração contra o PS, organizada entre o seu principal assessor, Fernando Lima, e o director do Público, não lhe mereceu o mínimo interesse e, com o seu silêncio, deixou, durante demasiado tempo, que a opinião pública suspeitasse de escutas do Governo ao Presidente da República, infâmia e crime que não se toleraria ao primeiro.
Não se percebe que o chefe de Estado, com suspeitas de ser escutado, não tenha usado todos os meios ao seu alcance para esclarecer as dúvidas e só tenha mandado proceder a averiguações no exacto dia em que se dirigiu ao país numa comunicação medíocre na forma e parca de explicações no conteúdo. Para o PR as relações conspiratórias entre o seu assessor e o coveiro de um jornal de referência – o Público –, não o preocupam.
Só depois de o Diário de Notícias ter publicado um e-mail gravemente comprometedor da conspiração em curso, e após as eleições legislativas, é que Sua Excelência mandou averiguar a segurança das suas comunicações quando as notícias apenas circularam nos computadores do Público e do Diário de Notícias, além do espaço de um café da Av. de Roma transformado em quartel-general da tramóia.
Há muitas perguntas a que o PR não respondeu e pasma-se que recuse o confronto com jornalistas porque, perdida a autoridade do cargo, resta-lhe a honra do cidadão a salvar.
O que se exige é o esclarecimento das intrigas contra um partido político perpetradas por um assessor que se mantém em Belém e o director que ainda permanece num jornal. Se o PR é alheio, como se espera, só tem de apresentar escusas pelas ameaças, calúnias e insinuações contidas na comunicação de ontem. Se, por mera dúvida metódica, esteve por detrás dos acontecimentos, só lhe resta a resignação ao cargo.
Todos devíamos ajudar o PR a terminar o mandato com dignidade mas nenhum de nós tem forma de o obrigar.
Comentários
Ele não quis.
Ou fazendo o trocadilho: é muito azar que este Presidente nos tenha calhado no centenário da República.Ou em outro qualquer centenário ou aniversário.