Na mouche!
Às vezes até parece que as pessoas se esquecem de que o Bloco de Esquerda é um partido político.
Ora, a filiação ou um simples voto em qualquer partido político representa uma identificação mínima com o seu programa, com a sua ideologia e com uma determinada filosofia política.
E é aqui que o Bloco de Esquerda é um partido absolutamente tenebroso:
No seu programa partidário o Bloco de Esquerda preconiza a nacionalização dos sectores produtivos e de várias empresas de referência, como a Galp ou a PT, sem explicar como consegue os recursos para pagar os 70 ou 80 mil milhões de euros que essas nacionalizações custariam a Portugal.
E isso não é honesto.
Talvez seja por isso que o Bloco de Esquerda lhes chama «reversão» e me deixa agoniado com a memória dos velhos tempos do «Verão Quente», do «Camarada Vasco» e da «Muralha de Aço», tempos que eu não quero que o meu país volte a viver.
Nunca mais!
A par disso, e à melhor maneira estalinista o Bloco de Esquerda levou toda esta campanha eleitoral a apelar aos mais bacocos sentimentos populistas, nem que para isso tivesse de inventar notícias falsas e slogans rasteiros e imbecis, numa táctica desonesta e rasca, mas ainda assim conscientemente assumida.
Propalado aos quatro ventos com o cínico tom seminarista de Francisco Louçã, o mais famoso slogan do Bloco de Esquerda não é mais do que isto:
- Não podem ser as pessoas a pagar isto; tem de ser o Estado!
E conseguem dizer isto sem se rir!
À melhor maneira trotskista, vimos agora um dirigente bloquista defender o fim do ensino do inglês no ensino básico porque, diz ele, esta língua representa «o império e o pensamento único».
E isto é dito desassombradamente, pressupondo mesmo um ganho eleitoral numa democracia ocidental do século XXI…
Como se não bastasse já, este dirigente esclarece-nos que o Bloco de Esquerda defende o fim da democracia representativa e a sua substituição por uma coisa chamada «democracia participativa», o costumeiro eufemismo usado para «legitimar» as ditaduras comunistas ou, por exemplo, o Partido Comunista da União Soviética.
Ora, votar no Bloco de Esquerda é obviamente admitir uma correspondência ideológica e filosófica com estes delírios trotskistas, com esta autêntica demência política e com esta falta de ética, e com uma assumida desonestidade intelectual mas que ainda vai rendendo os votos dos mais incautos.
É por isso que (ao menos uma vez) teve imensa razão Belmiro de Azevedo quando o ouvi na SIC Notícias definir assim o líder do Bloco de Esquerda:
- Francisco Louçã é uma mistura de Vasco Gonçalves com o bispo Edir Macedo.
Na mouche!
Comentários
http://bit.ly/3pT68j
Na verdade, é uma formação de Esquerda do tipo "frentista" que integra partidos, talvez mais propriamente organizações políticas que tiveram relevância no PREC (LCI, FEC-ML, UDP, etc...) todos com uma lastro ideológico diferenciado e por vezes incompatíveis.
No "calor revolucionário" seria impossível concertar posições entre trotskistas e, por exemplo, estalinistas. Nessa altura ainda não tinha sido esquecida a “picareta” introduzida na cabeça de Trotsky, na cidade do México…
Hoje, essa miscelânea está no BE que "adocicou" a sua retórica, o que lhe valeu tornar-se capaz de captar alguns socialistas descontentes com uma certa deriva para o Centro-Direita do PS, com a demissão de Ferro Rodrigues.
Estas divergências ideológicas profundas, muito embora escamoteadas por um certo pragmatismo, sobrevivem no âmago do BE.
Estas circunstâncias tornam efémera e frágil a crescente influência política do BE. O referencial é o PS. Se acaso o PS encetasse uma viragem à esquerda, esvaziava o BE.
O BE foi, por assim dizer, um esforço de sobrevivência desses pequenos partidos, ligas, federações, perante o consolidar da democracia.
Não têm nada a ver com a turbulência no interior do MFA, das quais Vasco Gonçalves foi a figura visível (conotada com o PCP), nem com a vigarice mística de Edir Macedo.
Belmiro de Azevedo sabe de negócios, de engenharias financeiras, mas nas intervenções políticas mostra um raciocínio político naïf, a raiar as bordas da ignorância e recheado de "frases feitas".
Aos partidos interessa a conquista do poder. A Belmiro o controlo desse poder, à distância.
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