Insustentabilidades políticas, económicas, financeiras, sociais e… eleitorais!

Ontem, no 10 de Junho, uma comemoração com um lastro polémico e sucessivamente adaptada, o Presidente da Republica diagnosticou, para o País, a existência de uma situação insustentável.


Assim:
“…Como avisei na altura devida, chegamos a uma situação insustentável. …”

Este dramático aviso – um dos passos mais marcantes do seu discurso - foi ouvido pelos portugueses com alguma incredibilidade. Isto é, o recurso ao paradigma da incontornável falência da sustentabilidade [económica & financeira] feita por um “actor político” que tem, neste terreno, as mãos manchadas de…inegáveis culpas e desaires.

O aviso, aparentemente, endereçado aos portugueses é vicioso. A crise não nasceu de geração espontânea. Ninguém pode, levianamente, endossá-la aos cidadãos. O poder político poderá – por erros e omissões – tê-la permitido. Mas o eventual contributo dos cidadãos [para esta crise] é a consequência da transmissão [imposição] de uma paradisíacas imagens de amanhãs gloriosos, onde [pelas previsões económicas e financeiras] o desenvolvimento crescia sustentado e a prosperidade não tinha limites. Enfim, o libidinoso e celestial anúncio de uma sociedade de consumo sem fundo e sem limites que “arrastou” os consumidores [incautos] para o caos e a insolvência

A crise económica e financeira é, antes de tudo, o resultado de sucessivos e numerosos percalços [erros] políticos, muitas vezes globais, que geraram inconsistentes avaliações de sustentabilidade [sobre a glorificação ad eternum de idilicas visões consumistas].
Mas, é também [e fundamentalmente] uma crise derivada da ganância e da especulação do “mundo financeiro” que nos rodeia e nos “vende” ilusões, lado a lado, com créditos, acções, obrigações, títulos, etc. …
O Prof. Cavaco Silva, de facto, tinha – há algumas décadas – alertado os portugueses para a volatilidade [insustentabilidade] do mercado financeiro [leia-se bolsista] ao afirmar que transacções de alguns desses títulos configuravam o engano de comprar “gato por lebre”. Previa, nessa boutade, que os mercados estariam inundados de subprimes. Mas não se conhecem propostas ou medidas, da sua lavra, no sentido de regular a voracidade desses mercados. Tanto quanto sabemos hoje – caso BPN - chegou, inclusive, a sentir a sua sedução.

Quando – no mesmo discurso – afirma: “…Quanto mais se pedir ao povo, mais o povo exigirá dos que o governam…”, pela 1ª vez terá sentido o conforto de pôr-se fora da governação. Se é verdade que, neste momento, não governa, também será verdade que, no passado, governou. O povo não esquecerá de lhe imputar as indissociáveis responsabilidades [que carrega às costas].

Enfim, retóricas subsidiárias de pré-campanhas eleitorais [ocultas, sob tabus] permitem todo o tipo de aleivosias.

Comentários

Anónimo disse…
este homem é insustentável na politica nacional...

é um refinado mentiroso, intriguista, manobrador....

atingiu o ponto 0 da moral na intervenção politica...

abraço

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides