Egipto – Barril de pólvora com petróleo à mistura
Assegurada a neutralidade do exército, a dimensão e o alvoroço das manifestações têm aumentado no Cairo e em Alexandria para exigir a demissão de Mubarak.
Quem pode ficar triste com o fim de uma ditadura corrupta e repressiva de trinta anos? Só a clique que detinha o poder e dele beneficiava, incluindo os militares que, agora, perante a força das manifestações populares, se declaram neutros depois de terem sido o sustentáculo do regime.
Depois da Tunísia, a legítima insurreição popular alastra pelo Magrebe e propaga-se ao Médio Oriente. Parece uma lufada de ar fresco a limpar as páginas bafientas do Corão e a remeter a fé para as mesquitas, mas as coisas nunca são assim tão simples.
A agitação nos países islâmicos está longe de trazer consigo a Reforma, de ser o início de uma breve Guerra dos Trinta Anos com a paz de Vestefália ao dobrar da esquina. Os defensores da ortodoxia religiosa nunca se submeteram pacificamente nem deixaram de tentar recuperar o anterior estatuto depois de qualquer derrota.
Recordo-me bem da simpatia com que assisti ao derrube do Xá no Irão e partilhei com o povo persa a alegria da chegada do aiatola Khomeini em 1979. Só e 1 de Maio de 1974 tinha sentido uma euforia assim, em Lisboa, e, nem por momentos, pensei que a religião pudesse transformar o alvor de uma democracia no cemitério de todas as liberdades.
Espero que a luta das ruas não converta o Egipto na coutada da Irmandade Muçulmana, que Baradai se não transforme no seu instrumento ou na sua vítima, que a juventude não troque as ruas pelas mesquitas. "Queremos derrubar o regime" e "Mubarak, o funeral é em Telavive" são slogans ouvidos na euforia das manifestações. Apesar das tropelias sionistas não fazem falta incendiários anti-semitas e devotos que sobrelotem mesquitas e criem madraças onde se apela ao ódio e à xenofobia.
O destino do proselitismo joga-se no Egipto. A promessa de eleições em Setembro é a patética expectativa de Mubarak convencido de que a promessa pára uma revolução em movimento.
Quem pode ficar triste com o fim de uma ditadura corrupta e repressiva de trinta anos? Só a clique que detinha o poder e dele beneficiava, incluindo os militares que, agora, perante a força das manifestações populares, se declaram neutros depois de terem sido o sustentáculo do regime.
Depois da Tunísia, a legítima insurreição popular alastra pelo Magrebe e propaga-se ao Médio Oriente. Parece uma lufada de ar fresco a limpar as páginas bafientas do Corão e a remeter a fé para as mesquitas, mas as coisas nunca são assim tão simples.
A agitação nos países islâmicos está longe de trazer consigo a Reforma, de ser o início de uma breve Guerra dos Trinta Anos com a paz de Vestefália ao dobrar da esquina. Os defensores da ortodoxia religiosa nunca se submeteram pacificamente nem deixaram de tentar recuperar o anterior estatuto depois de qualquer derrota.
Recordo-me bem da simpatia com que assisti ao derrube do Xá no Irão e partilhei com o povo persa a alegria da chegada do aiatola Khomeini em 1979. Só e 1 de Maio de 1974 tinha sentido uma euforia assim, em Lisboa, e, nem por momentos, pensei que a religião pudesse transformar o alvor de uma democracia no cemitério de todas as liberdades.
Espero que a luta das ruas não converta o Egipto na coutada da Irmandade Muçulmana, que Baradai se não transforme no seu instrumento ou na sua vítima, que a juventude não troque as ruas pelas mesquitas. "Queremos derrubar o regime" e "Mubarak, o funeral é em Telavive" são slogans ouvidos na euforia das manifestações. Apesar das tropelias sionistas não fazem falta incendiários anti-semitas e devotos que sobrelotem mesquitas e criem madraças onde se apela ao ódio e à xenofobia.
O destino do proselitismo joga-se no Egipto. A promessa de eleições em Setembro é a patética expectativa de Mubarak convencido de que a promessa pára uma revolução em movimento.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Se fôr, já somos dois e estou no Mar à Vista...
Saudações
O Ponte Europa tem colaboradores de Coimbra, Lisboa e Macau.
Eu sou, de facto, de Coimbra.