“Mais Sociedade, Portugal faz-se consigo”… ou o processo de “domesticação da sociedade” face à impetuosa cavalgada neoliberal para o poder?
O panorama político nacional – nestes tempos de crise - tem revelado interessantes e intrigantes particularidades estratégicas.
Em primeiro lugar, o Centro e a Direita, ávidos de poder, têm consumido muitas das suas energias na preparação do “assalto” ao aparelho de Estado.
Concluído o ciclo das eleições presidenciais que, reconheça-se, decorreu segundo as suas perspectivas, entrou numa infatigável azáfama de preparativos com vista a concretizar a tomada do poder. Tentam – e em certa medida têm conseguido - inculcar a ideia que a alternância é para já [!], se possível, para ontem. Este é um aproveitamento político, imediatista, da crise.
A recente campanha desenvolvida em surdina pelo Centro e Direita que se traduzia no ruidoso “chamamento do FMI”, segundo os últimos desenvolvimentos no seio da UE, parece ter-se gorado. Face a esse desfecho, reciclaram, pressurosamente, a metodologia utilizada por Guterres do final do século XX [os “Estados Gerais”] e lançam-se naquilo a que chamam: “Mais Sociedade, Portugal faz-se consigo…”.
Não querendo abusar chavões será difícil deixar de entender esta “abertura à Sociedade” como um esforço de conseguir a permeabilização [dessa sociedade] ao "ideário neoliberal".
Dificilmente, se consegue dissociar esta nova investida do malogrado “clube de pensadores do neoliberalismo nacional e empresarial”, que se deu a conhecer como: “Compromisso Portugal”. No "novo" projecto, nem tiveram o cuidado de dissociar-se do mentor que visou, desde 2004, influenciar as decisões económicas da governação.
Esta iniciativa, em que o PSD se esconde atrás de personalidades aparentemente desligadas das lides partidárias [sob um controlo à distância do aparelho partidário] certifica a prossecução de uma indigna prática de “esconder a mão que atira a pedra”.
É a continuação de um processo prenhe de ambiguidades políticas que tem vindo a ser desenvolvido – com algumas nuances – pelo Centro-Direita. Fazem, mas nunca assumem publicamente, compromissos [não vamos aqui discutir o mérito ou o demérito dos acordos], para escaparem ao futuro escrutínio dos portugueses.
Foi assim com os PEC’s que, uma vez acordados e concertados no silêncio dos gabinetes, provocaram um farisaico pedido de desculpas [público] aos seus militantes, para os portugueses ouvirem...
Foi também assim, na elaboração do OE 2011, onde depois de incríveis peripécias e ziguezagues acabariam por o viabilizar e, logo de seguida, renegá-lo.
Em primeiro lugar, o Centro e a Direita, ávidos de poder, têm consumido muitas das suas energias na preparação do “assalto” ao aparelho de Estado.
Concluído o ciclo das eleições presidenciais que, reconheça-se, decorreu segundo as suas perspectivas, entrou numa infatigável azáfama de preparativos com vista a concretizar a tomada do poder. Tentam – e em certa medida têm conseguido - inculcar a ideia que a alternância é para já [!], se possível, para ontem. Este é um aproveitamento político, imediatista, da crise.
A recente campanha desenvolvida em surdina pelo Centro e Direita que se traduzia no ruidoso “chamamento do FMI”, segundo os últimos desenvolvimentos no seio da UE, parece ter-se gorado. Face a esse desfecho, reciclaram, pressurosamente, a metodologia utilizada por Guterres do final do século XX [os “Estados Gerais”] e lançam-se naquilo a que chamam: “Mais Sociedade, Portugal faz-se consigo…”.
Não querendo abusar chavões será difícil deixar de entender esta “abertura à Sociedade” como um esforço de conseguir a permeabilização [dessa sociedade] ao "ideário neoliberal".
Dificilmente, se consegue dissociar esta nova investida do malogrado “clube de pensadores do neoliberalismo nacional e empresarial”, que se deu a conhecer como: “Compromisso Portugal”. No "novo" projecto, nem tiveram o cuidado de dissociar-se do mentor que visou, desde 2004, influenciar as decisões económicas da governação.
Esta iniciativa, em que o PSD se esconde atrás de personalidades aparentemente desligadas das lides partidárias [sob um controlo à distância do aparelho partidário] certifica a prossecução de uma indigna prática de “esconder a mão que atira a pedra”.
É a continuação de um processo prenhe de ambiguidades políticas que tem vindo a ser desenvolvido – com algumas nuances – pelo Centro-Direita. Fazem, mas nunca assumem publicamente, compromissos [não vamos aqui discutir o mérito ou o demérito dos acordos], para escaparem ao futuro escrutínio dos portugueses.
Foi assim com os PEC’s que, uma vez acordados e concertados no silêncio dos gabinetes, provocaram um farisaico pedido de desculpas [público] aos seus militantes, para os portugueses ouvirem...
Foi também assim, na elaboração do OE 2011, onde depois de incríveis peripécias e ziguezagues acabariam por o viabilizar e, logo de seguida, renegá-lo.
Na hora de dar a cara: abstêm-se, penitenciam-se ou assobiam para o lado... [à escolha].
Portanto, este ciclo de debates em preparação – “Mais Sociedade, Portugal faz-se consigo...” - representa uma velada tentativa de alguns sectores oriundos de "confrarias" políticas, empresariais e intelectuais, empenhados na reabsorção [domesticação] da sociedade civil, para formatá-la. Ou seja, o fim da hegemonia do conceito universal de cidadania [como foi definido pela Revolução Francesa] e a sua substituição pelo controlo político da sociedade, nos tempos actuais, subsidiário de interesses económicos, financeiros, sociais, etc.
Portanto, este ciclo de debates em preparação – “Mais Sociedade, Portugal faz-se consigo...” - representa uma velada tentativa de alguns sectores oriundos de "confrarias" políticas, empresariais e intelectuais, empenhados na reabsorção [domesticação] da sociedade civil, para formatá-la. Ou seja, o fim da hegemonia do conceito universal de cidadania [como foi definido pela Revolução Francesa] e a sua substituição pelo controlo político da sociedade, nos tempos actuais, subsidiário de interesses económicos, financeiros, sociais, etc.
Isto é, pura perversão política [ppp].
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