Uma nova "rua árabe” ? …
Os recentes acontecimentos ocorridos na Tunísia e no Egipto reavivaram no Ocidente uma velha questão: a islamização desses Estados.
Este receio, condicionou uma perversa complacência dos Países ocidentais para com os regimes tirânicos e despóticos que, durante o séc. XX, aí se foram instalando, i. e., na era pós-colonial.
Mas, o Ocidente, saltou do receio para o pesadelo com a queda do Xá da Pérsia, em 1979, seguida da implantação de um regime teocrático, regido pela lei islâmica [sharia].
Este receio, condicionou uma perversa complacência dos Países ocidentais para com os regimes tirânicos e despóticos que, durante o séc. XX, aí se foram instalando, i. e., na era pós-colonial.
Mas, o Ocidente, saltou do receio para o pesadelo com a queda do Xá da Pérsia, em 1979, seguida da implantação de um regime teocrático, regido pela lei islâmica [sharia].
Assim, a pergunta que paira no ar é: que rumo tomarão este Países que se libertaram de ditaduras ?
Nestes 2 países as revoltas desenrolaram-se sem que o islamismo desempenhasse um papel preponderante. Na verdade, ambos os regimes ditatoriais [tunisino e egípcio] perseguiram e condicionaram a possibilidade do islão político influenciar o seu exercício autocrático do poder.
E estes povos, maioritariamente muçulmanos, uma vez libertos dos ditadores, qual o papel que reservam para o “Islão político”?
As situações são diferentes nos 2 países libertados. Se na Tunísia a presença islâmica na política parece, no momento, incipiente, no caso egípcio, estamos em presença de uma organização religiosa forte e organizada – a Irmandade Muçulmana - que tendo sido ilegalizada por Mubarak, acabou por ser tolerada, tal a sua influência social.
E é o "caso egípcio" que, no contexto internacional, constitui o foco de todas as atenções e, consequentemente, divide as opiniões. Na verdade, a Irmandade Muçulmana, se deu nas vistas foi pela sua contenção e prudência.
Os EUA e Israel receiam que estas mudanças sejam um espaço aberto para a criação de Repúblicas Islâmicas que, de certo modo, perturbariam equilíbrios pré-estabelecidos. Paradoxalmente, a Arábia Saudita, um reino feudal governado a ferro e fogo pela família Saud, de braço dado com ulemas wahabitas, alimenta também este espectro junto do Ocidente para salvar a face e assegurar a sua continuidade. Este foi, ainda, o argumento esgrimido por Hosni Mubarak para enfrentar a rebelião e defender o regime.
Na realidade, as imagens que tivemos oportunidade de observar […muitas vezes em directo] da nova revolução árabe mostraram, na rua, uma representação social e política transversal: uma geração nova, influenciada por uma cultura globalizada subsidiária das novas tecnologias de comunicação e informação; uma classe média desiludida e castrada nas aspirações de progressão social e, finalmente, uma multidão de desfavorecidos, de excluídos do regime e da riqueza, sobrevivendo sem futuro.
A religião muçulmana embora presente nas grandes manifestações da Praça Tahrir, onde os participantes oravam de acordo com a sua fé, assimilou a presença de cristãos coptas munidos de símbolos religiosos, o que é um indício de mudança.
O substrato destes levantamentos populares parece ser influenciado por uma nova geração pós-islâmica que “descobriu” a democracia e enfatiza a solidariedade árabe, num contexto de incipiente laicidade. A apropriação destes processos de ruptura pelas religiões [seja quais forem], é sempre possível e nasce de radicalismos que serão primariamente subsidiários da fome e não da fé.
A noção residual que fica no presente é que depois de décadas de “reislamização do Mundo Árabe”, estas revoltas podem traduzir um novo ciclo de “desislamização” e de reencontro com o progresso e o desenvolvimento [que foi no passado uma das “marcas” árabes].
Todavia, o que de facto importa, para estes Países, é não alienar, nem hipotecar, esta soberana oportunidade de construir livremente o futuro. Esperemos que se abra uma “nova rua árabe”...
Comentários
não esquecer que a Religião,ainda que presentemente em menor escala,
continua sendo o ópio dos Povos.
Veja-se o que sucede em Meca e em
Fátima(nome árabe) com multidões ajoelhadas,nas Filipinas com os
crucificados,e os fanáticos a
chicotearem-se até sangrar.Mas os
cristãos na Idade Média também se
chicoteavam pùblicamente e hoje
em Fátima ainda se arrastam de joelhos diante dum ídolo.E não
esquecer o fanatismo dos crentes
sionistas que se julgam o Povo Eleito de Javé/Jeová que é o Padre Eterno dos cristãos,pois êles que roubaram as terras dos palestinos,
também todos os dias vão cabecear junto ao Muro das lamentações,
implorando a Javé.E aos Poderosos que governam o Mundo,interessa-lhes
que os Povos continuem crentes na
existência de um Deus que afinal
foi inventado pelo Homem à sua imagem e semelhança,e numa Religião que foi feita à medida dos seus interesses.E êste direito
de crer no Absurdo está consagrado
nos Direitos Universais do Homem,
ou seja,os chamados teólogos que
se atrevem a definir Deus e a dizer
que êle quer que façamos assim ou assado,continuam tendo a liberdade como Vigários de Deus,de vigarizar
impunemente as Gentes.
É que quando vejo na TV aquelas burkas e aqueles niqabs no meio das manifestações fico logo arrepiado...
Ahmadinejad apressou-se a afirmar que as revoluções da Tunísia e do Egipto foram inspiradas pelo "exemplo" iraniano…
Hoje, o Mundo teve conhecimento que o Irão está a ferro e fogo face aos protestos de rua e, nomeadamente, na Praça Azadi, encabeçados pelos movimentos pró-reformistas, que brutalmente reprimidos pelas forças de segurança …link
Pelo que o melhor será os ayatollah’s e os seus títeres porem as venerandas barbas de molho…
Por mim, abaixo todas as religiões, sem excepção, especialmente a católica, fonte de guerras, assassínios em massa e de torturas indizíveis, pelos vistos, já esquecidas!