Manipulações 'reformistas', destruição do regime e as forças de Oposição…

Tornou-se impossível para o País continuar a passar ao lado da crise interna que assola o PS.

As recentes movimentações e declarações que conheceram a luz do dia link, link, link, link, …, mostram iniludíveis sinais de intranquilidade, de preocupação e exibem a larvar necessidade de avaliar o modo como está a ser feita oposição a este desastroso Governo.

As recentes ‘manobras’ da coligação governamental (PSD/CDS) à volta de um ilusório sucesso da ‘ida aos mercados’, bem como de uma encapotada negociação dos prazos e juros do serviço da dívida soberana, puseram a nu algumas e diversas fragilidades estratégicas da actual direcção do PS.  Aliás o lancinante apelo à unidade lançado por Francisco Assis link é, por si só, revelador das dificuldades que, no momento presente, varrem o PS.

Perante a agonia de um País que está a ser despudoradamente manipulado por um Governo incapaz de oferecer aos portugueses ‘soluções’ justas, equilibradas e coerentes, perante uma profunda crise e que, se move por uma inqualificável cegueira ideológica insistindo no desenfreado rumo ao abismo - somando novas medidas recessivas a outras anteriormente tomadas – poderá ser estrategicamente questionável e incompreensível o centrar do principal partido da Oposição na disputa das eleições autárquicas.

De facto, independentemente da necessidade e da oportunidade de desmontar a actual preponderância do PSD no âmbito do Poder Local, circunstância que ‘possibilitou’ a ascensão de Passos Coelho e da sua clique ao Governo, e fazer ruir um importante alicerce da política governamental , mais importante será afastar a grande ameaça que paira sobre o futuro dos portugueses - a insidiosa e programada destruição do Estado Social, a coberto de uma pretensa e perversa ‘Reforma do Estado’.
E este crucial desafio não diz respeito só ao PS. Envolve – e responsabiliza – todas as Oposições.

Na verdade, nas próximas eleições autárquicas jogam-se questões de alternância e rotatividade dentro do regime de acordo com uma ‘normalidade democrática' que, efectivamente, deixou de existir. Na suposta ‘Reforma do Estado’ o que está em causa é o próprio regime. E a questão de regime, no actual momento nacional e europeu, ganha contornos decisivos dentro os partidos da Oposição (PS, PCP e BE). Nenhum português compreenderá que, à volta de ressabiamentos partidários sejam de natureza ‘histórica’ ou do banal domínio doméstico e/ou paroquial, as Oposições não consigam unir-se em questões essenciais – fundamentais - como é a intransigente defesa do regime democrático saído do 25 de Abril.

O Governo não tem sido politica e frontalmente confrontado com uma dura e inflexível reacção da(s) Oposição(ões). Parece cada vez mais notório que falta revelar publicamente a determinação de que, se vier a verificar-se a tentativa de instalação do ‘Estado mínimo’, não existirá mais lugar, nem margem de manobra para  – cá dentro e no exterior – exibir (virtuais) consensos políticos e sociais. Daí para a frente a maioria governamental segue o seu caminho e as Oposições deverão acantonar-se no outro lado da barricada.

Cava-se, deste modo, um profundo ‘fosso’ que fracturará a sociedade portuguesa, por muitos anos. É o fim da proclamada coesão social.

A actual crise da Oposição, circunstância iniludível e que na semana passada foi particularmente visível no interior PS reflecte, de algum modo, a profunda dimensão destes abrangentes problemas ‘estruturais’ que não se circunscrevem à liderança de A.J. Seguro. Têm – no PS - ingredientes particulares decorrentes de um inevitável ‘desconforto’ sucessório e de uma evidente falta de conexão entre o grupo parlamentar (saído das eleições de Junho de 2011) e a actual direcção política (eleita posteriormente) mas, na realidade, ultrapassam largamente este âmbito.

Acima de tudo, o presente, questiona quando e como - dentro do vasto leque de toda as Oposições – se estará em condições para desencadear e sustentar com sucesso o duro e inadiável combate aos insuportáveis e destruidores propósitos do actual Governo. Se o quando será consensual (já!) o como precisa de ser conjuntamente trabalhado.
Não seria, portanto, despropositado pensar que o actual momento político possa conduzir a reajustamentos ‘em cascata’ das estratégias, não só no PS mas - como parece evidente - em todos os partidos da Oposição. E esses necessários ajustamentos (palavra diabolizada) terão dimensões e amplitudes variáveis consoante as forças partidárias. Mas seria bom não centrar a mudança em personagens, títeres ou fulanos.

O ‘reagrupamento’ – apetece usar o slogan passiano ‘custe o que custar’ - das forças oposicionistas, contra o modelo neoliberal que está a ser paulatinamente desenvolvido, tornou-se imperativo e inadiável. A táctica do esperar pelo lento e inexorável ‘apodrecimento’ ('auto-destruição') da actual maioria começa a revelar-se inadequada e, acima de tudo, extemporânea. Na verdade, estamos a 9 meses das eleições autárquicas e a 1 mês de uma inconcebível 'Reforma do Estado'.

Uma ‘crise política’ que, eventualmente, atinja transversalmente todos os partidos da Oposição poderá, à primeira vista, parecer inoportuna e errada se desprezarmos o reconhecimento que o combate à actual maioria governamental tem sido ineficaz. Adiar (ou ignorar) a crise pode ser incomensuravelmente pior. 

Na verdade, os tempos são de ‘resistência’. Ou, se quisermos, de ‘vida ou morte’.

Comentários

Inteiramente de acordo! A questão é tudo menos técnica ou sequer económica, por mais que a direita tente fazê-la passar por simples questão de contabilidade. O que está em jogo é uma questão política, ou melhor, uma questão de regime.
E é preciso lembrarmo-nos de que a luta não se trava apenas contra anões políticos como o títere Passos Coelho mas sim contra poderosíssimas forças internacionais que pretendem conformar o mundo - ou pelo menos a Europa - à medida da sua ideologia.

Não há mais lugar para meias tintas - ou se está de um lado da barricada ou se está do outro.

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