O maniqueísmo e outros desvarios pátrios


O Governo, com o PM desacreditado, deixou de ser um elenco composto por ministros e secretários de Estado e passou a ser um grupo de conveniência dividido por interesses que conflituam e partidos que disputam o mercado do voto.

Nascido do ódio de Cavaco a Sócrates e cimentado pela vingança cultivada contra o 25 de Abril, cedo se descobriu que os inimigos comuns não eram suficientes para gerir uma crise internacional avassaladora com receitas que apenas tinham sido experimentadas no Chile de Pinochet.

O PSD viu ruir o rosto humano da sua matriz por governantes impreparados e outros, os piores, cuja preparação os conduziu à asneira.

O CDS, que já esteve expulso da Internacional Democrata-cristã e Conservadora pelos seus excessos reacionários, procura, na aliança com o PSD, recuperar a respeitabilidade perdida enquanto trai o aliado a quem deve a reabilitação. E ainda se arroga o direito de passar um diploma de «partido do arco da governabilidade» ao PS, enquanto o acusa de se aliar ao PCP e ao BE.

Por sua vez o PCP distribui diplomas de «partido democrático», com restrições, ao BE e ao PS, sem deixar de dizer a este último que precisa de abandonar a Troika para obter a legitimidade plena, sem explicar quem nos emprestaria o dinheiro com que se pagam os salários, se nacionalizam os prejuízos e se privatizam os lucros.

Todavia, a mais alucinada das decisões e a mais irrefletida manifestação de extremismo vai para o Governo, que nomeia Lobo Xavier para presidir à Comissão do IRC mas não procede de igual modo com Arménio Carlos para presidir à Comissão que alterou as leis do trabalho. Esta é a face do Governo extremista que não disfarça a opção de classe.

Até o PR se arrependeu já do benefício da dúvida depois de ver o aumento da dívida e o descalabro a que nos conduzem. Nem a RTP queriam preservar, por entre os escombros de um país devastado. Não se sabe onde podem ainda chegar, antes de fugirem.

Lá longe, para onde fugiu, Durão Barroso dá uma no cravo e outra na ferradura, como soe dizer-se. Prepara, com paciência chinesa, a candidatura à presidência da República, indo de Mao a pior.  

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