Vaticano – O regresso ao Concílio de Trento
Os «pérfidos judeus» de uma oração da Sexta-feira Santa
(abolida só em 1960) podem recuperar o adjetivo pela vontade de Bento 16 cujo
ímpeto reacionário e proselitismo religioso só encontram paralelo nos mais
histéricos mullahs.
Pedir a Deus que tenha piedade, «até dos judeus»,
inscreve-se no mais demente espírito persecutório do antissemitismo cristão
cujas consequências estão vivas na memória do holocausto. Do Vaticano sopra o
ódio vesgo, o racismo do N.T., a xenofobia romana, o horror à diferença e à
liberdade.
B16 é a incarnação dos demónios totalitários, a verter latim
por entre odores de incenso e borrifos de água benta, ao som do cantochão. O Pontífice
conhece bem a história mas não aprendeu a democracia que viu florir à sua volta
como obra do Demo.
Hitler aprendeu no cristianismo a odiar os judeus. Bento 16 bebeu
na Bíblia, que sabe de cor, o ódio que lhe percorre a face, da tiara até às
orelhas, e nas fogueiras do Santo Ofício que o seu Deus só se impõe à
humanidade através da exterminação dos inimigos.
A face tolerante do cristianismo não é mais do que a máscara
que cobre a raiva e o ódio que a Reforma, a Revolução Francesa e o secularismo
o obrigaram a afivelar. Se, por um instante descurarmos a vigilância contra o
asco que crepita envolto em sotainas não tarda que novas cruzadas e velha
fogueiras defendam a pureza da fé católica e o ódio torpe dos clérigos romanos à
democracia e à civilização numa orgia totalitária ao gosto do pastor alemão.
Do livro «A Igreja católica e o Holocausto - Uma dívida
moral», Daniel Jonah Goldhagen, respigo os dados seguintes:
- O Evangelho segundo S. Marcos tem cerca de 40 versículos antissemitas;
- O Evangelho segundo São Lucas tem cerca de 60 versículos
explicitamente antissemitas e apresenta João Baptista a chamar aos judeus «raça
de víboras»;
- O Evangelho segundo São Mateus tem cerca de 80 versículos
explicitamente antissemitas:
- Os Actos dos Apóstolos têm cerca de 140 versículos
explicitamente antissemitas:
- O Evangelho segundo S. João contém cerca de 130 versículos
antissemitas.
«Só estes cinco livros contêm versículos explicitamente antissemitas
suficientes, num total de 450, para haver em média mais de dois por cada página
da edição oficial católica da Bíblia» (pág. 316 e seguintes).
Será por acaso que a Hungria lidera hoje o retorno ao
nazismo, com o populismo e a demagogia a cevarem a extrema-direita? A Polónia e
a Roménia seguem-lhe os passos. O Holocausto parece esquecido ou os povos não
têm memória.
Ponte Europa / Sorumbático
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