O 2.º aniversário do 2.º mandato presidencial
Cavaco completa hoje
dois anos sobre a sua tomada de posse depois de um discurso em que exonerou a
postura de Estado e soltou o ódio que o corroía contra o PM da altura.
Debilitado com o
caso das escutas que, segundo os analistas, não lhe deixavam margem para
permanecer no cargo, num país com mais exigência ética e tradições democráticas,
tem-se arrastado na clausura do Palácio de Belém sem visitar a casa de férias
na praia da Coelha, uma luxuosa vivenda cujos detalhes da aquisição nunca quis
explicar.
Angustiado com as
contas que tem para pagar com as modestas reformas, depois de o anterior PM o
ter obrigado a optar entre o vencimento de PR e as reformas, optou pelas
últimas, arredondadas com as despesas de representação indexadas ao vencimento de
que prescindiu.
Há quatro meses que
leva uma vida sedentária, sem largar Lisboa nem a amantíssima Esposa, numa
reclusão que se confunde com medo das multidões que não deixariam de o
ovacionar ruidosamente.
Enquanto os seus
amigos e antigos colaboradores passaram o fim de ano em frenéticos e
deslumbrantes festejos brasileiros, salvo os que as pulseiras eletrónicas retiveram
no lar, o PR arrasta o melancólico mandato enclausurado, sem que os portugueses
vislumbrem se é a decadência que o atinge ou o medo de sair à rua.
Não são os dois anos
passados que nos assustam, são os três anos que ainda faltam para o fim do
mandato, que contribuem para o pânico dos portugueses que gostavam de vê-lo
exercer com dignidade o cargo para que foi eleito.
Não há razões para
festejos. A popularidade do Presidente é hoje motivo de apreensão, uma
preocupação coletiva que só encontra paralelo na desconfiança que o seu Governo
merece e no futuro que nos reserva.
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