O REGRESSO AOS MERCADOS
Portugal “regressou aos mercados”. Ou “os mercados” regressaram a Portugal.
Não sei ainda se será boa ou má notícia.
O governo e a coligação que o suporta embandeiraram em arco, embora não lhes caiba minimamente o mérito da “proeza”. Como se sabe, tal regresso deve-se sobretudo a uma mudança de política do Banco Central Europeu, que também se refletiu noutros países, e à decisão do Eurogrupo de nos conceder mais tempo para pagar a dívida, coisa que o governo português sempre disse que não queria.
Os banqueiros rejubilaram, o que não é propriamente um bom augúrio. Para eles deve ser bom. Mas será bom também para a generalidade dos portugueses?
Não sou perito em economia, mas não me sinto diminuído por isso. Os economistas também não são. É notório que são incapazes de fazer previsões. O próprio Miguel Beleza disse um dia que um dos seus melhores professores americanos dizia aos alunos: “nunca façam previsões! Mas se alguma vez tiverem de as fazer, então procurem fazer duas ou três, que assim pode ser que acertem nalguma delas!” Contundente, disse M. Sousa Tavares que eles eram peritos em autópsias: só depois de morto o doente é que eram capazes de explicar “cientificamente” porque tinha ele morrido. Enfim, para usar linguagem desportiva, só são capazes de fazer “prognósticos” depois do jogo.
Para já, o regozijo dos banqueiros e da comissão liquidatária que faz as vezes de governo só me leva a desconfiar.
Se com este “regresso aos mercados” o desemprego diminuir, a miséria desaparecer, a pobreza se reduzir, o salário mínimo aumentar, as pensões mais baixas deixarem de chegar só para a farmácia; se desistirem de destruir o serviço nacional de saúde e a escola pública, se deixarem de espoliar os trabalhadores e os reformados, se as pequenas e médias empresas que ainda sobrevivem escaparem à iminente falência; se os jovens deixarem de ter de procurar sustento no estrangeiro; se deixarem de atentar contra a Constituição; então também aplaudirei.
Entretanto, acho mais prudente não deitar foguetes e manter o “malefício” da dúvida!
Não sei ainda se será boa ou má notícia.
O governo e a coligação que o suporta embandeiraram em arco, embora não lhes caiba minimamente o mérito da “proeza”. Como se sabe, tal regresso deve-se sobretudo a uma mudança de política do Banco Central Europeu, que também se refletiu noutros países, e à decisão do Eurogrupo de nos conceder mais tempo para pagar a dívida, coisa que o governo português sempre disse que não queria.
Os banqueiros rejubilaram, o que não é propriamente um bom augúrio. Para eles deve ser bom. Mas será bom também para a generalidade dos portugueses?
Não sou perito em economia, mas não me sinto diminuído por isso. Os economistas também não são. É notório que são incapazes de fazer previsões. O próprio Miguel Beleza disse um dia que um dos seus melhores professores americanos dizia aos alunos: “nunca façam previsões! Mas se alguma vez tiverem de as fazer, então procurem fazer duas ou três, que assim pode ser que acertem nalguma delas!” Contundente, disse M. Sousa Tavares que eles eram peritos em autópsias: só depois de morto o doente é que eram capazes de explicar “cientificamente” porque tinha ele morrido. Enfim, para usar linguagem desportiva, só são capazes de fazer “prognósticos” depois do jogo.
Para já, o regozijo dos banqueiros e da comissão liquidatária que faz as vezes de governo só me leva a desconfiar.
Se com este “regresso aos mercados” o desemprego diminuir, a miséria desaparecer, a pobreza se reduzir, o salário mínimo aumentar, as pensões mais baixas deixarem de chegar só para a farmácia; se desistirem de destruir o serviço nacional de saúde e a escola pública, se deixarem de espoliar os trabalhadores e os reformados, se as pequenas e médias empresas que ainda sobrevivem escaparem à iminente falência; se os jovens deixarem de ter de procurar sustento no estrangeiro; se deixarem de atentar contra a Constituição; então também aplaudirei.
Entretanto, acho mais prudente não deitar foguetes e manter o “malefício” da dúvida!
Comentários
Gostei muito deste texto, s
Sem banalidades laterais, concentra.-se no essencial. Diz tudo nas condições que coloca para dar o seu aplauso.
Tomei a liberdade de o reproduzir em Regresso aos mercados.
Abraço
João
A sua colaboração tornou-se imprescindível no Ponte Europa pela qualidade da prosa e do pensamento.
Manuel Galvão: é isso mesmo!
CE: bondade sua, meu caro Esperança, bondade sua. V. é que é a alma do Ponte Europa!