OS "NOSSOS" BANQUEIROS
De há uns tempos para cá – talvez desde que se instalou a crise económica, cuja principal causa foram precisamente as manigâncias dos bancos e outros especuladores – os banqueiros saíram a terreiro e, desde que entrou em funções o governo de Passos e Gaspar, entram pelo edifício do Conselho de Ministros dentro, telefonam diretamente para o telemóvel do primeiro-ministro e desdobram-se em declarações em que expõem as suas teorias tendentes a “salvar a Pátria”, apresentando-se como sendo eles “a sociedade civil”.
Não será pois despiciendo conhecer melhor esses nossos “salvadores”.
De Ulrich, presidente do BPI, o tal que, perguntado se o povo português aguentava mais austeridade, respondeu “ai aguenta, aguenta”, já falámos aqui e aqui.
Dediquemos agora alguma atenção ao Banco Espírito Santo.
Num artigo publicado no último “Expresso”, com o título “A sucessão no BES”, diz o jornalista e economista Nicolau Santos:
“O presidente do Banco Espírito Santo colocou dinheiro no exterior sem o declarar ao fisco. Apanhado no âmbito da operação ‘Monte Branco’, decidiu pagar voluntariamente. Mas se isso resolve o problema fiscal, não resolve o problema de credibilidade e de honorabilidade, mesmo que toda a gente evite tocar no assunto. Não é por isso, contudo, que ele deixa de existir. E o Banco de Portugal vai ter de pronunciar-se sobre se um banqueiro que foge ao fisco é idóneo para continuar à frente de uma instituição financeira. Depois, o seu provável sucessor, José Maria Ricciardi, foi constituído arguido por suspeita de crime de mercado (utilização de informação privilegiada) na sequência de uma queixa da CMVM. Com os números 1 e 2 do BES a braços com a justiça, a sucessão de Salgado pode ser mais rápida e surpreendente do que se espera.”
Gente recomendável, não há dúvida!
Comentários
Quanto ao BPN e BPP é melhor passar ao lado. Provavelmente, nem deveriam ser considerados 'instituições bancárias'...
Bem. Se esta crise trouxe algumas descredibilizações, duas merecem particular destaque:
1.) os políticos (que são os guardiões dos nossos anseios quanto ao futuro);
2.) e os banqueiros (a quem confiamos o 'nosso' dinheiro).
Finalmente, uma convicção. A desconfiança instalada quando as coisas apertam, tornam-se duras e difíceis, raramente é recuperado. É uma espécie de anátema.