Cavaco Silva (ACS) – o redator que detesta ser leitor

O livro intitula-se "Quinta-feira e outros dias". Quem desconheça o autor, há de julgar que o título é uma homenagem ao escritor G. K. Chesterton, e uma inspiração contra o anarquismo, bebida em “O Homem que era Quinta-Feira”.

Cavaco Silva jamais se prestaria a assumir o papel do agente secreto Gabriel Syme, para arruinar um grupo anarquista. Tudo o que conseguiu foi um Fernando Lima para forjar uma pérfida intriga contra o então PM, com o pouco estimável ‘jornalista’, José Manuel Fernandes. Foi um guião fracassado para filme rasca.

Cavaco copiou Fernando Lima, que esperou a reforma para o zurzir, a si e à sua prótese, D. Maria. Aguardou várias reformas e 1 ano para revelar os pormenores das audiências, que tinham lugar à quinta-feira, com Sócrates. Tal como o ex-assessor, com raiva tardia, em vez de explicar o caso das escutas, o negócio das ações, dele e da filha, a permuta de terrenos, onde achou a vivenda Gaivota Azul, ou a razão para preencher a ficha na Pide, com erros de ortografia, resolveu escrever 592 páginas, divididas em 52 capítulos e três partes, mais prosa escrita do que a lida pelo alegado autor.

A segunda parte, um ato de vingança e ressentimento, é dedicada apenas às audiências de quinta-feira às quais Sócrates chegava bem preparado, mas quase sempre atrasado – segundo refere a comunicação social –, e é, afinal, a razão do título e da obra.

ACS diz que o livro (18,80 €), pretende ser uma prestação de contas aos portugueses e, segundo se crê, será um ajuste de contas de quem diz não gostar da política espetáculo, refutando o imerecido apodo de palhaço, de Miguel Sousa Tavares, no Expresso.

O ex-notário de Passos Coelho encarou as funções presidenciais inspirado na Sr.ª Lúcia de Jesus, pastorinha de Fátima: é necessário salvar Portugal dos comunistas.

Não é um estadista, é um redator de terceira, com uma azia de primeira, a quem não há bicarbonato que valha. Prevaricador ortográfico e gramatical, faz a catarse da apagada e vil tristeza a que o esquecimento e alívio dos portugueses o remeteu.

E vinga-se, com um rol de merceeiro cuja contabilidade e fiabilidade merecem o mesmo crédito da garantia sobre a solidez do banco BES, dias antes da derrocada das empresas do universo GES/BES, num dos seus raros gestos de gratidão, para desgraça de muitos.

Foi na vivenda de Ricardo Salgado e com a sua bênção, que os casais Cavaco, Barroso e Marcelo, engendraram a sua primeira candidatura a PR, num jantar funesto para o País.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

e-pá! disse…
Intolerável o farisaísmo que os escritos de Cavaco Silva parecem (não li o livro) estar a revelar.
Ao travestir-se como um zelador dos 'superiores interesses nacionais' quer fazer crer, aos incautos, que não tem interesses pessoais (privados e públicos).
Na verdade, personagens como Cavaco só serão capazes de 'enxergar' interesses nacionais - o que será diferente de assumi-los - quando os seus próprios interesses não estão em questão, ou em perigo.
O caso BPN - para não falar do BES ou das permutas de vivendas algarvias - demonstra à saciedade este comportamento hipócrita.
Numa única ocasião teve razão. Quando em 2006 na 1ª. campanha eleitoral para a presidência afirmou não ser um 'político'. De facto, a sua postura nada tem a ver com o perfil de um político (entendido na nobreza dessa participação cívica), tratando-se, antes, de um oculto e mesquinho 'gestor de interesses', pouco ou nada 'nacionais', mas eminentemente 'lobistas'. Mas sobre isto, podemos ter a certeza, nunca escreverá.

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