Desafios da modernidade
Há tempos, durante uma entrevista, um jornalista perguntou-me por que razão, face ao alegado respeito pela diversidade cultural, mantinha a oposição à poligamia e defendia a sua criminalização.
Objectei que admitiria a legalidade da poligamia se a lei consagrasse igualmente a da poliandria. O que está em causa não é uma questão cultural, com a qual me conformaria, mas uma desigualdade no tratamento de géneros que é uma questão civilizacional.
Este é um dos fundamentos para defender que não há guerra de civilizações mas apenas o combate, descurado, aliás, entre civilização e barbárie.
Quando a palavra da mulher vale menos do que a de um homem, quando a liberdade se restringe a um dos sexos ou o acesso ao emprego, à cultura e aos meios de subsistência privilegia um sexo, não se trata de manter a tradição mas de defender a barbárie.
A tortura, o esclavagismo e a pena de morte, para citar apenas algumas iniquidades, são uma tradição que remonta aos primórdios da humanidade, mas não adianta reivindicar a tradição quando colide com os direitos humanos porque, neste caso, deve ser erradicada.
As religiões abraâmicas, judaísmo, cristianismo e islamismo, são altamente misóginas e não é preciso ser particularmente erudito para descobrir a sua origem tribal e patriarcal.
Se a emancipação da mulher se tornou possível e numerosos Estados subscreveram a Declaração Universal dos Direitos do Homem, tal não se deve à bondade de Deus mas à dos homens. Não foram os clérigos que denunciaram as injustiças que pregavam, foram os homens e mulheres que, combatendo o poder eclesiástico, impuseram a separação da Igreja e do Estado. A democracia não nasceu em Jerusalém, Roma ou Meca, é herdeira da separação dos poderes de origem anglo-saxónica e do Iluminismo que conduziu à Revolução Francesa.
O Irão, a Arábia Saudita e o Iémen mantêm a tradição de açoitar e lapidar mulheres em público, mas não é uma tradição que deva ser integrada no âmbito multicultural ou que possa respeitar-se sem vergonha de tamanha tolerância. Imaginamos o que é ser mulher nos países onde vigora a sharia, uma boa razão para não deixarmos que a barbárie entre na Europa sob a capa do multiculturalismo.
As guerras religiosas custaram milhões de vidas aos europeus mas foi possível acabar com a Inquisição, com as monarquias absolutas e com o poder temporal dos papas. Não há xenofobia na proibição da Burka [símbolo da humilhação feminina] com a qual a mulher perde completamente o sentido de orientação.
Uma sociedade democrática não pode permitir que existam no seu seio, a pretexto da fé ou da tradição, ou de ambas, mulheres sujeitas de forma permanente e definitiva à tutela de um homem, que lhes seja interdita a condução de um automóvel ou o direito de se autodeterminarem. Não vamos criar lugares para homens e mulheres nos transportes públicos nem permitir que as sevícias que extasiam o Profeta e os mullahs islâmicos se exerçam no espaço onde há muito se respeitam os direitos humanos.
Não se trata de xenofobia mas, tão-somente, de tratar o Islão da mesma forma com que é preciso responder ao Vaticano, um bairro de 44 hectares que, graças a Mussolini, goza do estatuto de Estado e obedece a um autocrata celibatário com tiques medievais.
A laicidade é uma exigência ética e uma necessidade absoluta para a sobrevivência da civilização.
Objectei que admitiria a legalidade da poligamia se a lei consagrasse igualmente a da poliandria. O que está em causa não é uma questão cultural, com a qual me conformaria, mas uma desigualdade no tratamento de géneros que é uma questão civilizacional.
Este é um dos fundamentos para defender que não há guerra de civilizações mas apenas o combate, descurado, aliás, entre civilização e barbárie.
Quando a palavra da mulher vale menos do que a de um homem, quando a liberdade se restringe a um dos sexos ou o acesso ao emprego, à cultura e aos meios de subsistência privilegia um sexo, não se trata de manter a tradição mas de defender a barbárie.
A tortura, o esclavagismo e a pena de morte, para citar apenas algumas iniquidades, são uma tradição que remonta aos primórdios da humanidade, mas não adianta reivindicar a tradição quando colide com os direitos humanos porque, neste caso, deve ser erradicada.
As religiões abraâmicas, judaísmo, cristianismo e islamismo, são altamente misóginas e não é preciso ser particularmente erudito para descobrir a sua origem tribal e patriarcal.
Se a emancipação da mulher se tornou possível e numerosos Estados subscreveram a Declaração Universal dos Direitos do Homem, tal não se deve à bondade de Deus mas à dos homens. Não foram os clérigos que denunciaram as injustiças que pregavam, foram os homens e mulheres que, combatendo o poder eclesiástico, impuseram a separação da Igreja e do Estado. A democracia não nasceu em Jerusalém, Roma ou Meca, é herdeira da separação dos poderes de origem anglo-saxónica e do Iluminismo que conduziu à Revolução Francesa.
O Irão, a Arábia Saudita e o Iémen mantêm a tradição de açoitar e lapidar mulheres em público, mas não é uma tradição que deva ser integrada no âmbito multicultural ou que possa respeitar-se sem vergonha de tamanha tolerância. Imaginamos o que é ser mulher nos países onde vigora a sharia, uma boa razão para não deixarmos que a barbárie entre na Europa sob a capa do multiculturalismo.
As guerras religiosas custaram milhões de vidas aos europeus mas foi possível acabar com a Inquisição, com as monarquias absolutas e com o poder temporal dos papas. Não há xenofobia na proibição da Burka [símbolo da humilhação feminina] com a qual a mulher perde completamente o sentido de orientação.
Uma sociedade democrática não pode permitir que existam no seu seio, a pretexto da fé ou da tradição, ou de ambas, mulheres sujeitas de forma permanente e definitiva à tutela de um homem, que lhes seja interdita a condução de um automóvel ou o direito de se autodeterminarem. Não vamos criar lugares para homens e mulheres nos transportes públicos nem permitir que as sevícias que extasiam o Profeta e os mullahs islâmicos se exerçam no espaço onde há muito se respeitam os direitos humanos.
Não se trata de xenofobia mas, tão-somente, de tratar o Islão da mesma forma com que é preciso responder ao Vaticano, um bairro de 44 hectares que, graças a Mussolini, goza do estatuto de Estado e obedece a um autocrata celibatário com tiques medievais.
A laicidade é uma exigência ética e uma necessidade absoluta para a sobrevivência da civilização.
Ponte Europa / SORUMBÁTICO
Comentários
Na minha opinião, as civilizações têm um ciclo vital, semelhante à vida humana. Isto é, nascem, crescem e morrem...
Este trajecto civilizacional começa com grandes fraccionamentos demográficos, e por vezes geográficos para, ao longo dos tempos, conhecerem (uma ou várias) épocas de unificação que, normalmente coincidem com o desenvolvimento de períodos imperialistas, onde começam e acabam alguns dos confrontos civilizacionais.
Estes ciclos evolutivos abrangem todas as áreas da actividade humana, ou seja, político, económico, social, artístico, filosófico, científico, etc.
Os “novos” ciclos civilizacionais, colhem muito deste passado e para além disso desenvolvem novas influências sobre a vida e o comportamento humano. Muitas vezes essas mudanças sustentam-se sobre o poder agregador dos deuses e de outros mitos. Esses deuses originam religiões – uma identidade civilizacional pode ter uma ou mais religiões ou, viver, simplesmente, no terreno mitológico.
As religiões são sempre nefastas para as civilizações e são outro dos motivos dos confrontos civilizacionais já que têm uma filia por adquirir ou conquistar pela força posições hegemónicas.
As civilizações vivem de comparações e da exaltação da diferença entre "nós" e os "outros". A lógica é: “nós” os civilizados, os “outros” bárbaros…
Isto é fundamental para a afirmação (e confirmação) do estatuto civilizacional.
Por cá no Ocidente, fomos culturalmente (e muitas vezes religiosamente) adestrados para pensar que somos os depositários, ou herdeiros, de um sequência civilizacional que, de facto, não existe. As heranças civilizacionais dispersam-se e são absorvidas por várias outras civilizações.
A civilização helénica não influenciou só a romana.
Na verdade as civilizações extinguem e delas transitam para o futuro uma parte identitária e um extenso painel de inovações que abrangem uma longa vivência e são incorporadas por outras civilizações.
(cont.)
Várias civilizações coexistem no Planeta.
Umas pacificamente, outras com "choques". Estes "choques", normalmente, aparecem nos períodos imperialistas das civilizações ou, então, nos períodos de irreversível decadência...
O que não precisamos é de andar a recordar ao Mundo - todos os dias - que a civilização judaico-cristã (dita "ocidental") é a melhor, será o supra sumo de tudo o que há de bom, que somos o farol da Humanidade, etc…
Até, porque, estaremos perto de um novo ciclo imperialista das civilizações orientais...que com certeza danificará a civilização “ocidental”, empurrando-a para novos radicalismos e confrontações.
Todavia, desde o séc. XIX e XX que o grande desafio da modernidade, isto é, da marcha da civilização "ocidental" é, de facto, o Islão.
Mas será um tremendo erro considerar o Islão como a barbárie.
O Islão é uma civilização que possui uma obsessiva identidade religiosa, mas um poderoso componente cultural e científico e que vem de um passado brilhante.
Qualquer muçulmano vive com o pesadelo de que foi expulso do Paraíso.
Mas o Islão trouxe ao Mundo literatura, ciência, etc. que integraram um passado dominante - nas civilizações mediterrânicas modernas e hoje vive o mais envergonhado e traumático período de colonização política, económica, social e cultural.
Desse passado glorioso e esplendoroso vive, hoje, na mais profunda decadência e refugia-se no seu passado, seguindo um percurso inverso à civilização judaico-cristã. Esta, desde o Renascimento, procura o progresso, a modernidade, os avanços cientificos e tecnológicos, enterrando um passado de confrontos.
Na posição oposta, o Islão enveredou por um caminho retrógrado inflectindo a caminhada civilizacional, isto é, virando-a para trás onde todo o progresso é suspeito e olhado de soslaio, chorando por passadas épocas de ouro que viveu quando teve o seu apogeu civilizacional e o seu período imperial.
O passado com que o Islão ainda sonha já não existe. Hoje, resta-lhe um parco, inculto e radical refúgio: a religião.
E, a partir daí, muitos muçulmanos constroem uma falsa identidade que perde todas as características civilizacionais. para ser piedosa, misericordiosa , pobre e revoltada. Essa revolta alimenta a violência.
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e hoje alguns deles a usam...
procure saber das gangs neonazis em Israel...
...nas chamadas "civilizações pré-colombianas", quase sempre ignoradas na Europa.
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