As próximas eleições presidenciais

Depois de uma década sem presidente da República, habituados ao comissário do PSD, o País descrê do cargo mais simbólico do regime e da democracia que o 25 de Abril nos legou, mas é exatamente por esse legado que devemos ser exigentes e participativos.

Carecemos de um PR que respeite todos os partidos e os encare na razão direta do seu peso eleitoral. O PR não é um comentador, é um juiz alheio à luta partidária, o supremo magistrado a quem cabe respeitar e fazer respeitar a Constituição. Não pode ser o cata-vento de aspirações que se arvore em vendedor de sonhos.

Não pode inventar escutas, fomentar intrigas e ameaçar outros órgãos da soberania. Não deve privilegiar quem partilhe os seus preconceitos e injuriar quem tenha outras opções. Quem vier a ser eleito não pode chantagear os portugueses, intrometer-se na formação de governos ou fazer birras e manifestar ressentimentos.

Estou certo de que os eleitores saberão escolher quem, à semelhança de Ramalho Eanes, Mário Soares e  Jorge Sampaio, prestigie o cargo e não envergonhe os portugueses.

Nas personalidades que declararam submeter-se a sufrágio é fácil encontrar quem tenha a cultura, sensibilidade e inteligência para desempenhar tão importantes funções. Direi mesmo que os principais candidatos não têm um passado nebuloso quanto aos negócios ou às relações com o fisco e a Segurança Social.

Basta escolher quem, tendo essas características, garanta maior isenção partidária, isto é, quem mais se afastar do perfil do último que habitou Belém nos últimos dez anos.

Ponte Europa / Sorumbático

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