Silêncios e ruídos de um PR em fase terminal
Não se condene Cavaco Silva por ter prevenido que os
portugueses não podiam suportar mais sacrifícios, quando ainda não tinham realmente
começado, mas espanta que, após o ruído de então, se tenha remetido ao
monástico silêncio, só quebrado para defender o indefensável e elogiar os que
mereciam mais pesado julgamento eleitoral.
Parece que apenas queria substituir o governo por outro do
seu agrado, à semelhança do tocante esforço que fez para evitar o atual governo,
com apoio parlamentar maioritário.
Surpreende que quem já foi economista e ainda se reclama entendido
na matéria não se tenha pronunciado sobre os problemas dos bancos onde ganhou dinheiro
e amigos seus, do peito e da hóstia, perderam a honra própria e o dinheiro dos
outros. Aliás, quando se pronunciou, fê-lo da pior maneira, anunciando que o
BES tinha ativos que o punham ao abrigo do pior dos cenários.
Os portugueses devem interrogar-se para que lhe serviu a
legião de assessores e outros especialistas sem que o avisassem da ocultação
das desgraças que o seu governo deixou nas mais diversas áreas.
Como foi possível ‘nacionalizar’ silenciosamente o Banif, garantir
a ausência de riscos para os contribuintes com o Novo Banco, reconduzir à
pressa o governador do Banco de Portugal sem ouvir a oposição, atrasar a divulgação
dos maus indicadores económicos antes das eleições legislativas sem um alerta
vindo de Belém?
O julgamento do comportamento presidencial deve fazer-se
agora porque rapidamente será esquecido depois abandonar o Palácio que serviu
de agência de propaganda da pior direita que chegou ao poder em democracia. O
encobrimento da incompetência do seu Governo não foi por desconhecimento, foi
por deliberada cumplicidade.
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