Notas soltas – novembro/2015
OMS – Como
aconteceu com o tabaco, o alerta sobre o consumo (desregrado) de carnes
vermelhas e derivados foi acolhido sem sensatez nem desassossego. Provocou
ataques e repetiram-se, contra a saúde pública, tolices e mentiras, por
interesse e má-fé.
Turquia – A vitória do AKP, partido do
presidente Erdogan, por maioria absoluta, foi o triunfo do despotismo, do Islão
contra o laicismo e da perseguição aos curdos, heróis da luta contra o Estado
Islâmico, agora mais vulneráveis à vindicta do ‘Irmão Muçulmano’.
Francisco Assis –
Eram legítimas as posições do eurodeputado mas, ao escolher mal o momento,
quando o PS negociava o Governo com o PCP e o BE, foi pusilânime como homem,
medíocre como político e traiçoeiro como militante.
PÀF – Se a
coligação, sem maioria para ser governo, temesse um governo viabilizado pelo
BE, PCP, teria apoiado o PS, evitando negociações com os partidos de esquerda.
Preferiu intrigar e assustar, em benefício próprio, com prejuízos para o País.
Birmânia – A
repetição da vitória leitoral de Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da Paz, tantos
anos presa pelos militares golpistas, significa que não há ditaduras eternas,
mas, infelizmente, também não há democracias vitalícias.
União Europeia –
A prisão ou expulsão de imigrantes que recusem registar-se tem legitimidade
idêntica ao dever de acolhimento. Há regras a impor a quem procura o espaço
europeu, democrático e civilizado.
Catalunha – A
declaração unilateral da independência é uma provocação à unidade de Espanha e
um desafio à Constituição do Estado, como são, aliás, todos os processos
independentistas. Resta saber se os ventos semeados não espalham outras
tempestades.
Helmut Schmidt
– Morreu aos 96 anos o ex-chanceler social-democrata, pioneiro da cooperação económica
internacional. O popular estadista alemão foi um dos maiores políticos do
século XX.
Atentados de Paris – O fascismo islâmico continua a derramar sangue numa orgia de terror
que afronta e compromete a civilização, laica e democrática. As religiões não
devem gozar de privilégios que as isentem do controlo policial e da perseguição
penal.
Nicolas Sarkozy –
Na sequência da tragédia de Paris, propôs a restauração da pena de morte para
os terroristas. É a cobardia que os bombistas querem, o retrocesso desejado pela
demência islâmica, a abdicação, pelo terror, dos valores civilizacionais.
Cavaco Silva –
Para quem tinha todos os cenários previstos, ter tentado dividir o grupo
parlamentar do PS e ignorado a decisão do único órgão de que dependem os governos,
a audição dos ‘amigos’ foi uma provocação gratuita à AR e uma ofensa à
democracia.
Islão – O
terrorismo excedeu já os limites do horror. A Europa vacila entre a abdicação
da liberdade e a irracionalidade da vingança, mas a solução possível está algures
entre a dureza da vigilância e a severidade na exigência do respeito à
laicidade.
Presidenciais –
Marcelo, há anos em autopromoção, alegou candidatar-se em nome da dívida a
Portugal. Escusava de se incomodar. A dívida está prescrita, o País já esqueceu
os danos causados pelo padrinho, pelo pai e por ele próprio.
XXI Governo – As
lamentáveis exigências de Cavaco Silva, sem qualquer legitimidade ou
precedente, ajudaram a agravar a situação do País enquanto a sua imagem se
aviltou, como nunca tinha sucedido com outro PR democraticamente eleito.
Democracia –
Portugal é um país europeu, além do Luxemburgo, Dinamarca, Bélgica e Letónia,
onde o primeiro-ministro não é do partido mais votado nas eleições. Há quem
estranhe, por desconhecimento, e quem, por sectarismo, não se conforme.
António Costa – O
diálogo com o PCP e BE enriqueceu a política e a democracia, não deixando
excluir partidos, como alguns gostavam. Levou o PS ao poder, desmascarou o PR e
permite à direita moderada retomar o PSD e o CDS, confiscados por extremistas.
Terrorismo – O
derrube do avião russo que combatia o Estado Islâmico, pela Turquia, foi uma
ato provocação que comprometeu a Nato e constitui um revés na coligação que
combate o terrorismo global. Erdogan é um ‘aliado’ perigoso, virado para Meca.
Aquecimento global
– A tragédia em curso, suavizada pelo eufemismo dos poluidores como ‘alterações
climáticas’, já não pode ser ocultada. O ano de 2015 é o mais quente de sempre
e a comunidade científica prevê que 2016 possa quebrar novos recordes.
Vaticano – Os
esforços do papa Francisco na defesa da paz, na luta contra a pedofilia e a
corrupção no IOR [banco do Vaticano] merecem a solidariedade e não a sabotagem
de que tem sido vítima por elementos da sua própria Igreja.
Donal Trump – A possibilidade
de um republicano primário, boçal e provocador poder ascender à presidência dos
EUA, levanta dúvidas sobre a sanidade mental dos eleitores e do candidato. O
poder à sua disposição tornar-se-ia inquietante.
Terra – À
pobreza, exaustão de recursos e terrorismo, juntam-se a guerra na Síria e as
rivalidades entre a China e o Japão, Índia e Paquistão, Rússia e NATO,
detonadores de um conflito global incontrolável que pode tornar-se o último e
destruir o Planeta.
Irão – Detentor
das segundas maiores reservas petrolíferas do Médio Oriente, a seguir à Arábia
Saudita, a sua utilidade na luta contra o Estado Islâmico pode colocar a
teocracia xiita no ‘Eixo do Bem’, com preocupações acrescidas para Israel e
teocracias sunitas.
Comentários
( Com um toquezinho à Humphrey Bogart no chapéu, a alisar um pozito intrometido): "... permite à direita moderada retomar o PSD e o CDS".
Pergunto só: Isso é para repetir o que andaram a fazer, nos últimos 40 anos, gerações sucessivas de barões do PPD?
Pergunto mais: Para repetir tudo isso, é indispensável voltar ao ponto inicial, aquele em que o puto Salgueiro Maia ... no Terreiro do Paço e tal...?
Pergunto ainda: Merecerá a pena, para voltar a reviver as cenas de gerações desses barões "assinalados", reactivar os antigos trabalhos de Hércules? Tenho dúvidas, antes de me calar.