CDS: ocultas e pias razões para esgrimir no Natal…
A mensagem de Natal do primeiro-ministro focou um dos caminhos para a segunda parte da legislatura: o emprego link. Ou seja, a qualidade do emprego. Desmontar os mecanismos de ‘flexibilização’ introduzidos pela deriva neoliberal do PSD/CDS desenhada à sombra da Troika tornou-se imperativo. Daí a asserção proferida pelo primeiro-ministro de que “…O emprego está no centro da nossa capacidade de conquistar o futuro”.
A estabilidade no terreno social, bem como a coesão nacional passam por este item. Melhorar as condições de empregabilidade, passa por erradicar a precariedade e alterar os níveis da retribuição salarial, drasticamente 'comprimida' durante o governo PSD/CDS. Mais, o estancar da sangria de jovens quadros que abandonaram o País (neste fatídicos 4 anos), bem como o estímulo para o regresso de (pelo menos) parte deles está diretamente dependente de alterações no quadro laboral e salarial. Alterações que se resumem numa frase: dignificar o trabalho.
O CDS - a reboque das associações patronais - nem quer ouvir falar disso e, pela voz do deputado João Almeida, mostra-se ‘inquieto’ link.
Finda a mensagem do primeiro-ministro o porta-voz do CDS saltou logo a terreiro veiculando as posições das associações patronais que vêm sendo expressas no quadro da concertação social: não mexer na legislação laboral. Perante um quadro laboral absolutamente pernicioso ao desenvolvimento e lesivo para os direitos dos trabalhadores, uma herança da troika, que a cúpula dirigente do CDS não enjeita, e sublinha-se - para o tecido empresarial – a necessidade de estabilidade como um bem inviolável, uma vaca sagrada (do neoliberalismo).
A estabilidade dos trabalhadores, das suas famílias e a defesa de um salário justo não cabe dentro das preocupações do CDS. Um acabado exemplo disso tem sido o constante anunciar, por parte da Direita, de que a subida do salário mínimo acarretaria, no imediato, um crescimento do desemprego. Ano após ano continua com a mesma argumentação recusando-se a olhar para a evolução do emprego em Portugal (após 2015).
Depois, o CDS na rua (pouco) e no Parlamento (mais ruidosamente), irá bramir, num contexto político mais geral, o espantalho da inexistência, por parte do atual Governo, de ‘reformas estruturais’. Ora, as alterações da legislação laboral serão, por ventura, uma das reformas indispensáveis já que é um dos fatores de acerto e equilíbrio na redistribuição da riqueza. Para o CDS esta redistribuição faz-se pela redução do IRC e, decorrente dessa benesse, são sempre anunciados exponenciais crescimentos dos investimentos (externo e interno).
Também para o CDS as empresas são consideradas aparelhos de produção ‘neutros’ que não pretendem aumentar exponencialmente os lucros à custa de várias motivações (designadas de ‘reestruturações’), entre elas, a redução de impostos (empresariais / IRC), a compressão dos salários e a facilitação dos despedimentos.
Segundo o CDS as empresas e os sacrossantos mercados livres são ‘máquinas filantrópicas’ em pessoa. Todavia, no seu ideário, as pessoas pouco contam e a ‘justiça social’ constrói-se à custa de migalhas que escorreriam do banquete do tecido empresarial. É a conceção de que “o sol não nasce para todos”.
A clivagem ideológica entre a Direita e a Esquerda mantem-se viva e atual. Esta será a razão última para que a ‘geringonça’ continue a existir e a funcionar.
O CDS tem mostrado inúmeras dificuldades em compreender esta nuance e prefere vociferar dislates na praça pública.
Comentários
Colecionadas, dariam para livro com título "As Aldrabices Dos Santos".