Um balde de água fria para os portugueses

Não sou grande entendido em questões de futebol, mas reconheço a sua importância na sociedade, e vibro com as vitórias de Cristiano Ronaldo e Mourinho, tal como me sinto desalentado com os seus fracassos. Nutro, por ambos, especial afeto, embora não saísse de casa para os ver ao vivo.

Não se me pode levar a mal que tenha considerado um exagero as homenagens de que o mais dotado futebolista português de todos os tempos tem sido alvo. A denominação de um aeroporto com o seu nome é de um provincianismo que envergonha e a que os mais altos dignitários nacionais se associaram. Foi um exagero infeliz, uma decisão de quem ignora nomes como os de Gago Coutinho, João Gonçalves Zarco e Herberto Hélder, por exemplo, para uma infraestrutura daquela dimensão, enfim, um desvario autonómico.

Os meus leitores, nem sempre aprovaram o desacordo que então manifestei, na mesma linha de coerência com que condenei honras de panteão para Amália e Eusébio. Aliás, em relação a Ronaldo, referi a idade como objeção adicional ao batismo do aeroporto, por ser imprevisível, aos 30 anos, saber o exemplo que alguém deixará na História.

Sem surpresa, e com enorme mágoa, soube hoje que Ronaldo corre o risco de ser preso em Espanha, por crime fiscal, dificuldade que os portugueses têm em compreender com a sua tradicional propensão para desculparem crimes fiscais. Aliás, desde Cavaco Silva, a Portas e Passos Coelho, nenhum deles foi afetado nas suas carreiras políticas pelos problemas fiscais. Ronaldo tem mais a perder, porque goza de estima e consideração.

Se vier a ser preso, vai doer-me. Podem crer.

Comentários

Julio disse…
Concordo.
Contudo, muito pior é encher Portugal com nomes e símbolos da religião mais criminosa de todos os tempos, a seita papal; e o povo até inconscientemente suporta esse banditismo com o seu dinheiro!
Abaixo a Concordata!

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