JCN - Momento zen de segunda
João César das Neves (JCN) deve andar envenenado por alguma encíclica e extenuado com orações. A homilia da última segunda-feira, no DN, é uma incongruente peça que vacila entre a indigência mental e o humor negro.
JCN está para as encíclicas, cartas pastorais e outros textos pios da Igreja católica como os mullahs estão para o Corão. Só não prescreve para os hereges os métodos com que o fundamentalismo islâmico rivaliza com o Santo Ofício.
JCN leu no Levítico que a homossexualidade é uma abominação e tem a noção de que os livros sagrados obrigam a matar os homossexuais mas os hábitos cristãos sofreram um revés tão grande com o Iluminismo e a Revolução Francesa que o próprio Papa já substitui o churrasco purificador por uma excomunhão sem publicidade.
Numa sociedade onde a liberdade individual merece mais respeito do que a vontade divina, JCN recorre a sinuosas argumentações para contrariar a adaptação das normas jurídicas à evolução dos costumes e ao respeito pela diferença entre cidadãos.
Se houvesse um prémio para a hipocrisia, não teria concorrência e ainda ganhava as indulgências que busca para a remissão dos pecados. JCN afirma esta enormidade: «Mas não existe aqui [na legislação portuguesa] nenhuma desigualdade. Os homossexuais podem casar exactamente nas mesmas condições de todas as pessoas: todos podem unir-se a pessoas do sexo oposto, ninguém pode casar com pessoas do mesmo sexo».
Depois deste dislate perde importância a afirmação: «A tese do casamento entre pessoas do mesmo sexo tem graves falhas lógicas. O Estado institui o contrato de casamento não por razões emocionais mas cívicas: porque ele é a base da sociedade, origem da sua reprodução».
Quando leio JCN, não sei porquê, lembro-me sempre de Frei Gaspar da Encarnação, a quem Camilo chamava «uma santa besta», epíteto que eu jamais atribuiria ao devoto João César das Neves, além do mais, porque lhe desconheço a santidade.
JCN está para as encíclicas, cartas pastorais e outros textos pios da Igreja católica como os mullahs estão para o Corão. Só não prescreve para os hereges os métodos com que o fundamentalismo islâmico rivaliza com o Santo Ofício.
JCN leu no Levítico que a homossexualidade é uma abominação e tem a noção de que os livros sagrados obrigam a matar os homossexuais mas os hábitos cristãos sofreram um revés tão grande com o Iluminismo e a Revolução Francesa que o próprio Papa já substitui o churrasco purificador por uma excomunhão sem publicidade.
Numa sociedade onde a liberdade individual merece mais respeito do que a vontade divina, JCN recorre a sinuosas argumentações para contrariar a adaptação das normas jurídicas à evolução dos costumes e ao respeito pela diferença entre cidadãos.
Se houvesse um prémio para a hipocrisia, não teria concorrência e ainda ganhava as indulgências que busca para a remissão dos pecados. JCN afirma esta enormidade: «Mas não existe aqui [na legislação portuguesa] nenhuma desigualdade. Os homossexuais podem casar exactamente nas mesmas condições de todas as pessoas: todos podem unir-se a pessoas do sexo oposto, ninguém pode casar com pessoas do mesmo sexo».
Depois deste dislate perde importância a afirmação: «A tese do casamento entre pessoas do mesmo sexo tem graves falhas lógicas. O Estado institui o contrato de casamento não por razões emocionais mas cívicas: porque ele é a base da sociedade, origem da sua reprodução».
Quando leio JCN, não sei porquê, lembro-me sempre de Frei Gaspar da Encarnação, a quem Camilo chamava «uma santa besta», epíteto que eu jamais atribuiria ao devoto João César das Neves, além do mais, porque lhe desconheço a santidade.
Ponte Europa / Sorumbático
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