Os desvarios de João César das Neves

Lê-se a homilia de João César das Neves (JCN) às segundas-feiras no Diário de Notícias e fica a dúvida se é penitência do confessor, pela gravidade dos pecados, ou a deriva prosélita de um talibã apostólico romano.

JCN, na homilia de hoje, afirma que «o Iluminismo foi o único movimento cultural mundial que tentou fundar uma seita ateia e anti-religiosa». Esta afirmação não reflecte apenas miopia, revela ignorância e maldade. No fundo, é a nostalgia da Idade Média, das monarquias absolutas e do poder clerical.

JCN, na sua beata alienação começa por atribuir ao Iluminismo a responsabilidade pela Guilhotina e o Goulag – o que é uma mentira grosseira –, mantendo um silêncio pio sobre as fogueiras do Santo Ofício que foram um facto incontroverso.

Perturbado com a investigação histórica e com os novos avanços da arqueologia, JCN debita algumas inanidades e acaba por execrar os livros adversos fazendo uma boa selecção das publicações recentes: «The God Delusion do cientista britânico Richard Dawkins (Bantam Books, Setembro 2006); God Is Not Great: How Religion Poisons Everything, de Christopher Hitchens (Twelve, Maio de 2007) e a recente tradução portuguesa de The End of Faith: Religion, Terror, and the Future of Reason, de Sam Harris (W.W. Norton, 2004; Tinta da China, 2007).

E acaba, naturalmente, a considerar que «No meio da confusão, um livro marca a época: Jesus de Nazaré (Esfera dos Livros, Maio 2007), do Papa Bento XVI».

Nem outra coisa era de esperar.

Vale a pena ler a homilia completa. Faz melhor à razão o fundamentalismo de um crente exaltado do que o livre-pensamento.

Comentários

Anónimo disse…
Onde fica a Nazaré?
Anónimo disse…
Obrigado Carlos Esperança por me ter dado a oportunidade de ler o artigo de JCN.
Achei bastante interessante e demonstra uma visão que eu também partilho.
Já o seu artigo demonstrou raiva para com JCN, para si uma personificação da Igreja. Não acrescentou nada e como diz João Carlos Espada, ''o ateísmo é o ópio dos intelectuais''.
Reconheça o mérito da Igreja na construção dos valores Europeus baseado na sua doutrina social.
A igreja é muito mais que o seu periodo negro, a inquisição.
CM
Anónimo disse…
''o ateísmo é o ópio dos intelectuais''.

Está tudo dito.
Anónimo disse…
Visito este blog pela primeira vez e dou já os meus parabéns à escrita iluminada de Carlos Esperança. Não sou ateu, mas sê-lo revela-se dificil numa sociedade de beatos ranhosos e pulhas que se agremiam mal se lhes toca no cheiro a estearina de altar.Capados intelectuais!Ratos miseráveis e desonestos!Com a vossa massa se constrói o podre e pobre Mundo que temos, cheio de desigualdades e de crueldades.Saiam de baixo da saia dos padres que já nem eles têm paciência para vos aturar. Se Cristo vos aparecesse mesmo até se borravam.
Anónimo disse…
A religião é o ópio do povo. "Karl Marx".
Anónimo disse…
"O Iluminismo foi o único movimento cultural mundial que tentou fundar uma seita ateia e anti-religiosa."

os "Yetis" não sabem nada de história. Apesar de muitos do grandes pensadores do Iluminismo serem ateus, não eram todos.
Mais,Liberdade, o fim da escravaturas é anti-cristão?? a igualdade dos generos e dos seres humanos perante a lei é anti-cristão? A fraternidade não é um valor cristão??? O facto dos cristãos se tratarem por irmãos desde o inicio da igreja é um pormenor sem importância!!!!

As confrarias religiosas tratavam os seus membros por irmãos muito antes da revolução francesa.

A visão dos cristãos como sendo irmãos em Cristo, filhos adoptivos de Deus, Deus esse que é dito na Biblia que não faz acepção de pessoas (trata todos por igual!!) é um pormenor sem importancia.

Afinal de contas foram ideias do iluminismo, não existiam antes de existir a mensagem cristã!!!

Por outras palavras, o iluminismo sofreu uma forte influencia dos ideais cristãos. Por isso surgiu o iluminismo na europa e não na asia budista ou no proximo oriente islamico.

Anda por aí cada "Yeti"..tss..tss..
Anónimo disse…
Entre aquilo que é dito pela Igreja e aquilo que foi feito na prática, vai uma grande diferença.

Parece-me que fez mais a ideologia socialista num século, em termos sociais, do que a Igreja em mais de mil anos..

Diogo.

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