Algumas reflexões sobre o divórcio
Faltando-me experiência para dar testemunho sobre o divórcio, corro o risco de parecer um padre a falar do matrimónio. Herdei o espírito monogâmico e o hábito de manter os laços conjugais mas sei da vida o suficiente para ter a convicção de que não é o divórcio que interrompe o casamento, é o fim deste que dá origem ao divórcio.
Há almas pias que vêem na consequência a causa e na tentativa de evitar males maiores uma conspiração contra a instituição que os tempos se encarregaram de tornar precária.
Claro que hoje já não é hábito assediar uma divorciada, apontá-la à execração pública e atribuir-lhe a culpa que é apanágio da mulher, uma espécie de complemento do pecado original. Mudaram-se os tempos e as leis, e o divórcio deixou de ser o ferrete vexatório que perseguia a mulher, enquanto o homem, como sempre, gozava de compreensão.
Lembro-me das primeiras divorciadas que conheci e da forma como eram recriminadas pela inépcia na sedução dos maridos, resquícios de tribalismo machista que a sociedade rural e beata se encarregava de perpetuar.
Quando, a seguir ao 5 de Outubro de 1910, a República instituiu o matrimónio, eram vulgares as manifestações de rua com catequistas, celibatárias e padres a condenarem a lei que resolveu situações intoleráveis.
Quando, depois do 25 de Abril, sendo ministro da Justiça Salgado Zenha, se permitiu o divórcio a quem tinha um casamento católico, que a Concordata tinha definido como perpétuo, houve apenas manifestações de júbilo e a faculdade de resolver casos de mancebia, incluindo o do Dr. Sá Carneiro, governante que não via necessidade de uma Concordata.
Agora, 34 anos depois do 25 de Abril, as alterações legislativas para facilitar o divórcio, a fim de o tornar menos traumático, uniram contra si as associações pró-família, vários sectores conservadores, meios religiosos, alguns magistrados e o próprio PR que a idade vai tornando cada vez mais devoto.
Grupos de pressão donde nunca partiu um aviso sobre violência doméstica, pessoas pias que jamais denunciaram maus-tratos conjugais e associações que nunca emitiram uma opinião sobre mulheres assassinadas pelos maridos (são elas as vítimas mais frequentes) vêm agora, tal como aconteceu em Espanha, fazer um enorme ruído sobre uma lei que, na minha opinião, traduz um avanço civilizacional.
É preciso lembrar que o divórcio é a consequência de um casamento falhado e jamais a causa do seu termo. Arrastar pelos tribunais a devassa da vida íntima e a crispação de uma ruptura é acrescentar um sofrimento suplementar para o casal e para os filhos, se os houver. Um tormento inútil por causa de um preconceito.
Há almas pias que vêem na consequência a causa e na tentativa de evitar males maiores uma conspiração contra a instituição que os tempos se encarregaram de tornar precária.
Claro que hoje já não é hábito assediar uma divorciada, apontá-la à execração pública e atribuir-lhe a culpa que é apanágio da mulher, uma espécie de complemento do pecado original. Mudaram-se os tempos e as leis, e o divórcio deixou de ser o ferrete vexatório que perseguia a mulher, enquanto o homem, como sempre, gozava de compreensão.
Lembro-me das primeiras divorciadas que conheci e da forma como eram recriminadas pela inépcia na sedução dos maridos, resquícios de tribalismo machista que a sociedade rural e beata se encarregava de perpetuar.
Quando, a seguir ao 5 de Outubro de 1910, a República instituiu o matrimónio, eram vulgares as manifestações de rua com catequistas, celibatárias e padres a condenarem a lei que resolveu situações intoleráveis.
Quando, depois do 25 de Abril, sendo ministro da Justiça Salgado Zenha, se permitiu o divórcio a quem tinha um casamento católico, que a Concordata tinha definido como perpétuo, houve apenas manifestações de júbilo e a faculdade de resolver casos de mancebia, incluindo o do Dr. Sá Carneiro, governante que não via necessidade de uma Concordata.
Agora, 34 anos depois do 25 de Abril, as alterações legislativas para facilitar o divórcio, a fim de o tornar menos traumático, uniram contra si as associações pró-família, vários sectores conservadores, meios religiosos, alguns magistrados e o próprio PR que a idade vai tornando cada vez mais devoto.
Grupos de pressão donde nunca partiu um aviso sobre violência doméstica, pessoas pias que jamais denunciaram maus-tratos conjugais e associações que nunca emitiram uma opinião sobre mulheres assassinadas pelos maridos (são elas as vítimas mais frequentes) vêm agora, tal como aconteceu em Espanha, fazer um enorme ruído sobre uma lei que, na minha opinião, traduz um avanço civilizacional.
É preciso lembrar que o divórcio é a consequência de um casamento falhado e jamais a causa do seu termo. Arrastar pelos tribunais a devassa da vida íntima e a crispação de uma ruptura é acrescentar um sofrimento suplementar para o casal e para os filhos, se os houver. Um tormento inútil por causa de um preconceito.
Comentários
Um dos pontos mais "revolucionários" do diploma é o divórcio sem consentimento de um dos cônjuges, sobre o qual ainda se ouvem várias vozes discordantes. Cheguei a ler palavras de gente que manifestava o seu desagrado em relação aos "direitos do cônjuge que não se quer divorciar", ou por outras palavras, o cônjuge que prentende reter o outro à força.
Quer queiram quer não, há que considerar que uma parte dos casamentos não terá o sucesso pretendido. E tal não se resolve prendendo as pessoas.
Considerar que duas pessoas devem ficar juntas, mesmo que não haja a mínima pontinha de felicidade e amor, independentemente das facadas extraconjugais e violência doméstica, é retrógado.
Aposto que se a lei fosse mais restritiva muito casal nem sequer pensaria em dar o nó.
Que faz o governo?
Discute as políticas "progressistas" do "casamento" entre parelhas de maricas, institui o aborto a pedido e facilita ainda mais, com a lei do divórcio, a dissolução da família - a célula essencial da nação.
Sobre políticas de promoção da estabilidade familiar - afectiva, orçamental, etc. - nada!
Aborto a pedido, divórcio a pedido.
É assim como ir ao multibanco.
A cultura de morte, cada vez mais explícita e desavergonhada, está a levar o país para o caos, para o abismo.
Preservativos são oferecidos nos Centros de Saúde (qual não foi o meu espanto quando, há duas semanas, vi uma caixa cheia num guichet - era só tirar...), ao invés de se promoverem políticas de consolidação e responsabilização familiar.
Não! Oferecem-se preservativos - pagos com o dinheiro de todos nós, os que pagamos impostos - para os meninos e meninas (ou meninos e meninos...) andarem a fornicar a seu bel-prazer.
Preservativos numa caixa, num serviço público, onde é só jogar a mão e tirar um conjunto daqueles nojentos e demoníacos objectos.
Promoção da libertinagem e do deboche. Promoção dos modos de vida aberrantes. Promoção do aborto. Promoção do divórcio.
Onde iremos chegar, meu Deus?
Não se preocupe, o pai de família não chega a lado nenhum.
Que surpresas teríamos se por momentos nos fosse dada a conhecer a verdade de muitos casamentos, dos casamentos daqueles que são contra o divórcio "a pedido" e que o mantêm só porque parece bem? Onde os casais já não falam e nem sequer se olham? Onde o amor, se alguma vez existiu, já morreu há muito?
Por que sádica, ou masoquista, ou vingativa razão há-de alguém querer continuar casado com outro que não o quer?
Hoje é tudo bem melhor, mas lembro-me de, quando eu era criança, haver mulheres que odiavam os maridos. O contrário também se verificaria, certamente, mas eu tinha mais acesso à conversa das mulheres. Mulheres que só não os deixavam porque não tinham de que viver; porque não queriam perder os filhos; porque tinham medo de ser mortas. Que lavavam a louça do jantar 2 vezes para que quando chegassem à cama eles já estivessem a dormir.
Não será muito melhor cada um estar com quem quer, ou não estar com ninguém?
A questão central aqui é: RESPONSABILIDADE em vez de facilidade.
Certo é que há muitos casamentos infelizes mas, quantos não serão desfeitos por mero capricho de um dos elementos do casal?
É a pedido, e pronto. É como tirar preservativos de uma máquina. É como ir a uma clínica e pedir "um aborto, se faz favor".
Responsabilidade? Zero.
Respeito pela Família? Zero.
Pensar nos filhos? Zero.
"Olha, fartei-me de ti. Quero o divórcio." E pronto, é "simplex".
Posso, na sua opinião, não chegar a "lado nenhum".
Porém, a Sra. Ana poderá chegar a muitos lugares...