Momento zen de segunda
João César das Neves (JCN) na sua habitual homilia aproxima-se cada vez mais dos padres rurais da minha infância, beatos, fundamentalistas, com horror à modernidade.
JCN, perante a bomba demográfica que ameaça o mundo, face ao avanço da ciência que tornou possível o planeamento familiar e uma maternidade consciente, investe ainda contra a pílula e os contraceptivos e vocifera contra a liberdade sexual… da mulher.
Na sua homilia de hoje JCN fala da clarividência do Papa Paulo VI. Para o devoto todos são clarividentes, digam o que disserem, mas o que o leva a louvar o pontífice é o facto de, face a um «memorando final, de Junho de 1966, que mostrava a Comissão dividida sobre a permissão do uso da pílula pelos casais católicos, com a maioria a favor, o Papa, após dois anos de reflexão, determinou na encíclica a posição da Igreja», ou seja ao contrário do que a maioria considerou razoável e os casais já faziam.
É esta submissão acrítica ao papa de serviço que faz de JCN um cruzado obsoleto e sem o mais leve remorso pelas ideias que defende.
Que lhe interessa que a explosão demográfica de Timor seja um fenómeno incontrolável e que a Igreja católica se oponha à entrada de contraceptivos? Que importa que morram milhares de pessoas à fome ou matando para sobreviver? Quando a fé embota a razão não há argumentos que valham.
Não sei donde vem a certeza de JCN de que «um acto de amor recíproco, que prejudique a disponibilidade para transmitir a vida que Deus Criador de todas as coisas nele inseriu segundo leis particulares, está em contradição com o desígnio constitutivo do casamento e com a vontade do Autor da vida humana». O horror à sexualidade talvez seja um velho trauma seu e, no fundo, talvez a razão para que o casamento seja cada vez mais precário e desrespeitado.
O que mais repugna em JCN é o desrespeito pela mulher, o seu espírito misógino, o seu desprezo pelo direito feminino à sexualidade.
O planeamento familiar é para JCN «o caminho amplo e fácil que tais métodos abririam à infidelidade conjugal e à degradação da moralidade (...) perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta».
Na sua longa homilia de hoje, JCN nunca admite a autodeterminação sexual da mulher e, jamais admite que ela tenha direito ao prazer.
São assim os cruzados serôdios do nosso tempo.
JCN, perante a bomba demográfica que ameaça o mundo, face ao avanço da ciência que tornou possível o planeamento familiar e uma maternidade consciente, investe ainda contra a pílula e os contraceptivos e vocifera contra a liberdade sexual… da mulher.
Na sua homilia de hoje JCN fala da clarividência do Papa Paulo VI. Para o devoto todos são clarividentes, digam o que disserem, mas o que o leva a louvar o pontífice é o facto de, face a um «memorando final, de Junho de 1966, que mostrava a Comissão dividida sobre a permissão do uso da pílula pelos casais católicos, com a maioria a favor, o Papa, após dois anos de reflexão, determinou na encíclica a posição da Igreja», ou seja ao contrário do que a maioria considerou razoável e os casais já faziam.
É esta submissão acrítica ao papa de serviço que faz de JCN um cruzado obsoleto e sem o mais leve remorso pelas ideias que defende.
Que lhe interessa que a explosão demográfica de Timor seja um fenómeno incontrolável e que a Igreja católica se oponha à entrada de contraceptivos? Que importa que morram milhares de pessoas à fome ou matando para sobreviver? Quando a fé embota a razão não há argumentos que valham.
Não sei donde vem a certeza de JCN de que «um acto de amor recíproco, que prejudique a disponibilidade para transmitir a vida que Deus Criador de todas as coisas nele inseriu segundo leis particulares, está em contradição com o desígnio constitutivo do casamento e com a vontade do Autor da vida humana». O horror à sexualidade talvez seja um velho trauma seu e, no fundo, talvez a razão para que o casamento seja cada vez mais precário e desrespeitado.
O que mais repugna em JCN é o desrespeito pela mulher, o seu espírito misógino, o seu desprezo pelo direito feminino à sexualidade.
O planeamento familiar é para JCN «o caminho amplo e fácil que tais métodos abririam à infidelidade conjugal e à degradação da moralidade (...) perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta».
Na sua longa homilia de hoje, JCN nunca admite a autodeterminação sexual da mulher e, jamais admite que ela tenha direito ao prazer.
São assim os cruzados serôdios do nosso tempo.
Comentários
É caso para inquirir se não nos que falar sobre os sexo dos anjos.
Ou, aliás, será exactamente isso que nos presenteia em todos os seus artigos.
Como diria Balzac:
"resignação é um suicídio quotidiano".
Já é tempo de parar e pensar pela sua cabeça. Não acham?
Então a quem é que ele está a pagar os almoço das segundas?
A vida custa a todos e um almoço bem comido às segundas vale bem uma missa.
O homem está a pagar o frete a alguém, favores antigos, ou então anda por ali um trauma dos grandes, rejeições antigas, enganos velhos ou suspeitas recentes. Até parece que o Sr. Das Neves ou tem ódio à Mulher. Ou será medo do feminino?
Com as continuadas homilias das segundas, lá vai fazendo o carreto a alguém a quem deve o favor, onde até a Dona Manuel Leite parece ser uma feminista “avangard” se disser em próximas entrevistas televisivas que a prática do acto sexual, às vezes, não é só para procriação.
Quanto mais sério o Sr. Das Neves escreve, mais anedótico se torna.
Vamos almoçar, mas cada um paga o que come.
O que se revelou ser uma pena foi a mãe do JCN não ter tomado a pilula de form regular, isso é q foi uma pena!
Uma coisa me faz muita confusão nestas pessoas e disso elas nunca falam, incluindo o nosso bom pai de família: que idade têm e quantos filhos têm? Tendo em atenção que não usam qq método contraceptivo e que o sexo se destina apenas a procriar, ou praticam a abstinência contínua ou têm um filho por ano. Sendo também a masturbação diabólica, pergunto ao é-pá, que por aqui me parece já ter lido que é médico, se os fluidos não expelidos naturalmente podem inundar o cérebro. Se assim for, já consigo compreender o que vai na cabeças de algumas pessoas.
Caso alguma das minhas dúvidas possa ter ferido sensibilidades mais agudas, antecipadamente peço desculpa.
Põe o dedo na ferida e resume, com exemplar clareza e distinto estilo, os maiores males da nossa vivência actual - o descalabro que se avizinha com a perda dos valores mais nobres.
Com efeito, a contracepção mais não foi - é! - do que um dos maiores flagelos do modernismo.
O desrespeito, o deboche, a não-renovação das gerações, o culto do prazer, a ridicularização da castidade, o materialismo.
Todas estas mazelas fazem parte de uma agenda bem delineada:
a) contracepção;
b) aborto;
c) eutanásia;
d) casamentos entre aberrações homossexuais, através da criação de parelhas não-reprodutoras e consequente adopção de crianças;
e) pornografia/masturbação;
f) etc.
Eu sei que o rol está incompleto e é deveras asqueroso, e por isso vou ficar por aqui.
Em comum, todos os pontos desta "agenda" modernista mais não têm do que preconizar e banalizar práticas anti-vida e anti-família.
Tem sido este o descalabro das políticas progressistas aplicadas de forma coerciva pela esquerda política, dominante desde meados do século passado.
Tem sido este o corolário da modernidade.
in Visão 24-02-2005
César das Neves
o 'sex symbol'
QUÃO DOENTE TEM de estar uma sociedade para que se gaste tanto tempo a esmiuçar um assunto menor como são as eleições legislativas e tão pouco ou nenhum a discutir a magnífica entrevista que João César das Neves deu ao jornal O Independente da passada sexta-feira? E quão doente tenho eu de estar para começar uma crónica com a palavra «quão»? A resposta às duas questões é: muito, evidentemente.
Em duas páginas de entrevista, César das Neves usa cinco vezes a palavra deboche e condena o aborto, o preservativo, a homossexualidade, a masturbação e tudo o que, de um modo geral, ele calcula que possa dar prazer a alguém. Só há uma coisa que não se desculpa ao entrevistador, José Eduardo Fialho Gouveia: o facto de não ter perguntado a César das Neves qual é a marca de fósforos que usa nos seus autos-de-fé. Continuamos sem saber, e é pena.
A TESE FUNDAMENTAL de César das Neves é esta: «o acto sexual não é só uma questão de prazer». E, se for excluída a intenção de procriar, o sexo transforma-se «numa coisa mecânica, animal». A ideia de que o sexo para pro-criar é humano e o sexo pelo prazer é «uma coisa animal» é interessante e a Natureza confirma-a: quais são os animais para quem o sexo serve o propósito da procriação? Raríssimos, se é que há algum. Mas quantas vezes não vimos já, no programa National Geographic, um urso a chegar à toca, cansado de um dia de trabalho, apenas para encontrar a ursa mergulhada numa banheira de espuma enfeitada com pétalas de rosa e velas a toda a volta, convidando o macho para uma noite de simples prazer animal? Tantas.
NO FUNDO, é por causa de pessoas como César das Neves que o sexo é tão bom. Sem aquela noção de pecado, de transgressão, de malandrice perversa, o sexo teria muito menos graça. Por isso, peço desculpa por dizê-lo tão cruamente, mas a verdade é esta: João César das Neves dá-me tesão. Não vale a pena fugir à realidade. Este homem faz mais pela minha sexualidade numa das suas crónicas do Diário de Notícias do que duas camionetas cheias de coelhinhas da Playboy. Ainda hoje não compreendo porque é que o DN não imprime a crónica de César das Neves na página central e com folha desdobrável, para que milhares de mecânicos a possam pendurar em paredes de oficinas de todo o Portugal. Só pode ser má vontade de algum puritano. Mas também é preciso dizer, com a mesma honestidade, que, em certos aspectos, César das Neves não tem razão. A condenação da homossexualidade não me incomoda por aí além, Simpatizo com a causa da defesa dos direitos dos homossexuais, mas não estou particularmente empenhado nessa luta. Agora, não admito que César das Neves toque na masturbação. A masturbação é um direito inalienável do ser humano que só por esquecimento imperdoável ou pérfida maldade foi omitido da Declaração Universal das Nações Unidas. Em defesa da masturbação, estarei disposto a ir até ao fim do mundo e não estou sozinho. Milhares de adolescentes com óculos e a cara cheia de borbulhas estão comigo. Prepare-se para nós, César das Neves.
A Medicina dos fluidos esvaziou-se... de fluidos e de racionalidade.
Desde que se descobriu que o organismo tinha uma complexa irrigação, essa ideia foi à vida.
Foi por causa da crença nos fluidos que Luís XV (cito de memória), rei de França, não tomou banho até à adolescência.
Para além do inevitável odor que exalava tinha o corpo recoberto de crostas (aquilo que o povo chama "sarro").
Aventou-se a hipótese de lhe dar um banho. Reuniu um conselho médico e depois de muita discussão lá foi o reizinho para a banheira.
A grande questão da discussão era se o banho não diluiria os fluidos, enfraquecendo irremediavelmente o menino. Depois do banho, manteve-se no leito 1 semana em convalescença... e sobreviveu!
A cabeça de JCN - melhor a escrita - fez-me lembrar estes tempos do “limpo e do sujo”.
Como epilogo, posso acrescentar que cerca de 1 século depois os banhos públicos de Paris (e em outros locais da França) eram locais privilegiados de sociabilização e de... outras coisas que, com certeza, escandalizariam JCN.
No século XXI!
Esta história está longe de sugerir uma "lavagem ao cerebro" de JCN...
No seu entender, devemos comportar-nos como animais, que não usam preservativos nem outros métodos anticoncepcionais.