Coimbra - Homenagem ao Bispo do Porto
HOMENAGEM DE COIMBRA AO BISPO DO PORTO D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES NO 50º ANIVERSÁRIO DA CARTA A SALAZAR
Em 13 de Julho de 2008, próximo domingo, ocorre o 50º Aniversário da Carta a Salazar, escrita pelo Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes.
Cidadãos de Coimbra, conscientes da importância política que teve na luta pela Democracia essa Carta, assinada um mês e cinco dias após as eleições presidenciais ganhas pelo General Humberto Delgado, surgida do interior de um dos pilares do Estado Novo, a Igreja Católica, a qual levou ao exílio do País o seu autor, entendem prestar Homenagem a quem teve tão profundo acto de coragem, que o Estado Democrático reconheceu ao atribuir-lhe a Grã Cruz da Ordem da Liberdade.
Convidam-se todos os que se queiram associar a esta Homenagem Cívica, a divulgá-la e a nela participar, sendo portadores das respectivas condecorações.
Dia – 13 de Julho, próximo domingo
Local – Monumento ao 25 de Abril, Rua Antero de Quental, praceta junto ao edifício da ex – PIDE/DGS
Início – 11h00
Intervenções –
11h15 – José Dias – colaborador da Fundação Inatel, Movimento Cívico Não Apaguem a Memória
11h30 – Amadeu Carvalho Homem – professor da Universidade de Coimbra, Alternativa Associação Cultural para o Desenvolvimento do Ser Humano
11h45 – José Manuel Pureza – professor da Universidade de Coimbra, Comunidade de Acolhimento João XXIII
Encerramento – 12h00
Nota – Carta a Salazar e biografia de D. António em www.fspes.pt
Coimbra, 08 Julho 07
Amadeu Carvalho Homem, José Dias (TM. 919726959), José Manuel Pureza
Comentários
Está a falar a sério ou é a brincar !!!!!????
Acha que brinco com as questões da liberdade e com o único bispo que defendeu a democracia durante a ditadura fascista?
Acha que dez anos de exílio não merecem respeito?
Acha que D. António Ferreira Gomes, honrado bispo do Porto, não merece o respeito e consideração dos democratas?
Veja os nomes ilustres dos organizadores para ter a certeza da seriedade da homenagem.
Foi este o lema bíblico de S. Paulo que norteou o episcopado de D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto.
Homenagem merecida a um Homem que pugnou pelos seus ideais de Verdade e Justiça.
Muito bem!
Um Homem que não se vergou à servidão e que o regime deportou. O Bispo antifascista que a sua igreja não mereceu.
A fortaleza que Sophia tão bem canta, há-de ser sempre um exemplo entre aqueles que prezam a Liberdade como bem maior.
Honra lhe seja feita!
Carlos Esperança, este é também - e de que maneira! - o seu lugar. Entre os que o celebram...
Um abraço
Também não esqueço essa grande figura de cidadão e democrata que foi D. Sebastião Resende, bispo da Beira, em Moçambique, tão injustamente esquecido pelos democratas.
inexistente,
aceita-me e sugere-me
sempre de pé!
abraço FH
Também eu infelizmente ( porque em momentos de aflição tenho de me resignar ou esforçar-me sem direito a recurso para qualquer entidade trascencendente) mas de forma consciente, não acredito em nenhum Deus.
Qualquer Homem religioso ou ateu que pugna pela Verdade e pela Justiça merece todo o meu respeito.
Homem religioso que tem como lema: "«De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens» " é homem de coragem, uma coragem que se calhar alguns ateus, no que respeita à 2ª parte do lema não têm!
Ser só ateu não garante a verticalidade da coluna, e o sr. Bispo do Porto demonstrou que ser-se religioso tambem não a obsta.
um abraço, amigo Aires
Fiquei com um problema de consciencia com minha nota anterior
que não visou contestá-lo
ou retirar a maravilha da frase que citou...
que,
além do mais reflecte uma grande humildade, que eu perfilho, partilho e tento ter...
com sua nota posterior,
só me resta agradecer e retribuir amizade
e o que quis aqui vir referir agora
é no fundo partilhar a sua ideia subjacente da "coragem da humildade",
acrescentando que não considero que ser ateu seja uma qualquer vantagem relativa ou absoluta
em relação a nada...
Relativo à "coragem dos ateus", como fala, haverá de tudo
como em tudo e em todas as coisas
abraço e obrigado esta bela troca de opiniões
PS o Bispo do Porto ou o de Nampula, foram grandes homens, num país amordaçado
Não sabia…
Não sabia e fico a dever-lhe mais esta oportunidade para me informar, assim como a agradável surpresa de encontrar em D. Sebastião Resende o bispo que denunciou as prática e as condições de escravatura em que ainda vivia parte da população negra, que reivindicou o direito desta à propriedade, sem restrições. Que dinamizou o tecido social e promoveu o conhecimento criando escolas para o secundário e fundando jornais na Beira. Que resistiu às pressões e criticou o apartheid da África do Sul, mas mais que isso - o bispo que afrontou o colonialismo ao admitir a lógica da autodeterminação para as colónias.
Por escrito e em 1958!!!
No ano em que Humberto Delgado se candidatava à presidência da República e o mesmo ano em que D. António Ferreira Gomes escrevia a sua famosa “Carta a Salazar” que lhe valeria o exílio por dez anos.
Entretanto, fora seu aluno aquele que viria a ser o terceiro deste trio que fez a diferença entre seus pares, mas, sobretudo, na evolução da sociedade e na elevação do Homem.
Porque Moçambique é o lugar... em Moçambique, saltei para 1972.
E entre emboscadas, minas, muita coragem, muito sacrifício e muito desperdício de vida, a vergonha por Wiryamu acontecida e dita em surdina, prolongava-se a guerra, mas o regime felizmente apodrecia.
Não fossem as referências sobre a “conivência e a cooperação da igreja com a guerrilha e os interesses da FRELIMO" - lembrança que resgatei à memória desses dois anos que - por força da guerra e opção minha, de coração - vivi em Nampula, e ter-me-ia passado completamente ao lado o conhecimento da igreja, da catedral e, naturalmente, do bispo.
Hoje, depois do que li, ficaram as estruturas e o grupo religioso no exacto lugar onde estavam mas, sem desmerecer os muitos que caíram e ficaram marcados – de ambos os lados – cresceu-me na frente a figura do bispo de Nampula – D. Manuel Vieira Pinto. Pela coragem e determinação com que assumiu a defesa dos oprimidos, dos seus direitos e das suas necessidades.
Em cenário de guerra e tendo a PIDE no encalço desde o começo, é sua a frase seguinte e que diz bem do seu desassombro:
«A ninguém é lícito oprimir, de qualquer modo, as populações civis sob o pretexto de possível conivência com o adversário.»
Assim. Atirada às tropas, que o mesmo é dizer, às chefias e ao regime.
Parece não ter o discípulo desmerecido o mestre.
Num tempo em que o comodismo e os interesses cada vez mais parecem sobrepor-se aos valores da solidariedade e da tolerância, da liberdade e da verticalidade como fundamentos da própria dignidade, faz sempre bem - e nisso estamos todos de acordo - ver alguém sendo homenageado por te feito deles o seu objectivo de vida.
Quer sejam ateus ou crentes.
Mesmo que venham paramentados, como é o caso.
Um abraço
Eu é que lhe agradeço ter trazido aqui a injustiça que já me roía da ausência de D. Manuel Vieira Pinto ao mesmo nível de D. Sebastião Soares de Resende, se a memória do sexagenário ainda recorda o nome completo dos poucos bispos que estimei.
Passei em Nampula os dois meses de férias, sem vir a Portugal, para não fazer sofrer os meus pais com nova partida para a zona de guerra onde passei 26 meses.
Malhas que o Império tece(u).