Política e ética

Os eleitores ainda não esqueceram os ataques de Paulo Rangel a Elisa Ferreira e Ana Gomes por serem simultaneamente candidatas ao Parlamento Europeu e às Câmaras do Porto e de Sintra, respectivamente. As listas às eleições legislativas foram muitas vezes, nesta segunda República, encabeçadas pelos mais respeitados autarcas de cada partido, para as prestigiarem, sem terem a intenção de trocar as autarquias pelo Parlamento.


Foram as lutas no interior dos partidos, não questões de ética, que interromperam o hábito, mas isso não tolheu o alvoroço com que o deputado Rangel, que habitualmente suspendia o mandato na AR, excepto nas férias parlamentares, atacou o carácter das duas eurodeputadas.

Marques Mendes, honra lhe seja feita, procurou introduzir na política um módico de moralização que o levou a perder as Câmaras de Oeiras e de Gondomar e, mais tarde, a de Lisboa, tendo os eleitores, nos dois primeiros casos, reeleito os candidatos vetados, sobre quem recaíam graves suspeitas.


Manuela Ferreira Leite que deu cobertura a Paulo Rangel, a quem deve a prorrogação do prazo de líder, sem o qual era insuficiente o amparo do PR, defende agora, também, que apoia o impedimento de candidatos acusados, mas "não em véspera de eleições".


É esta ressalva, vinda do mais fundo da ética e da coerência, que a leva a escolher para deputado o homem da mala, António Preto, cuja suspensão da imunidade parlamentar tinha acabado de ser pedida pela justiça.


Como cereja no cimo do bolo, para quem condenou Elisa Ferreira e Ana Gomes, surge Alberto João Jardim, essa figura épica da boa educação e da ética, a liderar a lista para a Assembleia da República. Certamente para cumprir o mandato.


Apostila - António Preto, num documento entregue à Administração Fiscal, assinou como se fosse a respectiva mulher. Este putativo deputado é o Dias Loureiro de Manuela Ferreira Leite.


Ponte Europa / SORUMBÁTICO

Comentários

Elos disse…
Sinceramente, acho que não deveria ser permitido alguém poder candidatar-se a uma autarquia e ao PE, simultaneamente. Acho que uma pessoa quando assume uma responsabilidade (a de se candidatar a algum destes cargos), é porque pensou, muito, no que pode fazer... tem planos, ideias em mente. Esta senhora que se candidata à CMP, candidatou-se ao PE como seguro. Se não consegue ganhar no Porto, já tem o emprego como deputada garantido!
Bom, queria adicionar o link do seu blog no meu site. Isto se não houver qualquer incómodo...

europeistas.webnode.com
Mano 69 disse…
Grande CE

Mais um post de "vira o disco e toca o mesmo"...
Elos:

A candidata do Porto, elisa Ferreira, é professora catedrática e a de Sintra, Ana Gomes, é embaixadora.

Aceito que a sua posição seja correcta, mas um partido que defende essa posição pode candidatar Jardim à AR quando ele disse já que não ocupará o lugar?

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