As religiões e os partidos políticos
Se os partidos políticos tivessem nos seus programas aquelas ameaças abomináveis que vêm na Tora, na Bíblia e no Corão, há muito que os Estados democráticos os tinham dissolvido e processado os seus responsáveis.
Se algum partido promovesse a guerra santa aos infiéis (militantes de outros partidos) e usasse meios que a democracia e a civilização condenam, certamente se colocaria sob a alçada do Código penal.
Se um político conservador prometesse o Paraíso a quem convertesse um trabalhista, ou um liberal acenasse com uma dúzia de virgens a quem recrutasse um socialista, seria ultrajado pela comunicação social e ridicularizado pela opinião pública.
Um partido que integrasse no seu programa a xenofobia, o tribalismo, a crueldade, a vingança, a homofobia e o espírito misógino do Antigo Testamento, para além das sanções penais a que se arriscava, não passaria de um partido extra-parlamentar.
Por que motivo, pois, sobrevivem as crenças tribais, criadas por sociedades patriarcais, no mundo civilizado? Às vezes, pela violência dos aparelhos religiosos que conseguem deter o poder judicial, económico, político e militar, como acontece nas teocracias; outras, porque os exegetas se esforçam por explicar que os livros sagrados não dizem o que efectivamente lá vem escrito e serviu de dogma enquanto o clero exerceu o poder.
As crenças gozam de um estatuto que as sociedades civilizadas não estão dispostas a estender às convicções políticas. No entanto, aos comícios só vai quem quer mas às cerimónias religiosas arrastam-se criancinhas pela mão dos pais, não respeitando as fraldas nem o crescimento harmonioso sem promessas do Paraíso e temores do Inferno.
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