Praxes: Até que enfim...
O ministro da Ciência e Ensino Superior avisou hoje que não vai tolerar abusos nas praxes académicas, denunciando-os ao Ministério Público para responsabilizar quer os seus autores quer as direcções de instituições que permitam que aconteçam.
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E isto varia de sítio para sítio. Se, por exemplo, em Coimbra (univ.) a coisa é mais controlada e tem algumas regras, noutros estabelecimentos é uma anarquia autêntica.
Mas o grande problema disto tudo é na mentalidade de quem chega aos 18 anos e se vê rodeado de todo este folclore providenciado pelos mesmos alunos que nos anos passados chegaram à universidade sem um mínimo de cabecinha. Um autêntico meme que passa de geração em geração...
Entrei este ano para a Universidade Lusíada de Lisboa, instituição que em Famalicão foi palco de uma morte nas praxes.
Este ano, e apesar dos meus receios em sair da universidade todo, passo a expressão, porco, as coisas nem foram más. Houve umas brincadeiras, uns jogos e tal: eu não participei em nada porque a minha matricula foi no último dia de praxes (creio!).
De qualquer das formas, se há coisa que me repugna é o sentido de autoridade que os "veteranos" têm perante os caloiros: uma arrogância tal que, segundo uma amiga minha, nem lhes podemos olhar directamente. Rasguei a regra, falei olhos-nos-olhos com uma "veterana". Nada aconteceu. Mas mesmo assim, se "castigos" pelo olhar directo, senti perfeitamente, após ter levado com um valente NÃO da minha parte, que ficou ofendida, até mesmo ultrajada.
Consigo imaginar que tenha sido o único aluno a fazer isto - todos os outros, gostando ou não, entram na festa pandega, para se mostrar, para arranjar padrinho...para socializar...
Haja paciência. Vou ser revolucionário no meio daquela gente com cabeça pequena: não quero ser praxado, não praxarei ninguém (quando a vez chegar). Não vou comprar a fatiota. Não alinho nas bebedeiras tresloucadas. Não quero nem preciso de madrinha para ser alguém: eu sou uma pessoa, quer o Dux Veteranorum goste ou não.
E mais, só para concluir: se as praxes têm propósitos de integração, porque é que depois de elas acabarem, metade dos alunos continua desintegrado? Talvez porque as praxes sejam repressivas! "Ou fazes ou és ovelha negra!"
Haja paciência!
(PS: perdoem-me os possíveis erros, mas tinha de escrever isto, mesmo estando podre de sono)
O cargo de dux é paradoxal, bizarro. como é que o aluno em teoria mais burro ou incompetente da universidade é quem mais manda? Se o presidente da associação de estudantes é uma espécie de primeiro ministro, o reitor é um presidente da república e o dux o papa, representante mor da autêntica religião (tem muito paralelismo, não haja dúvidas) que dá pelo nome de praxe.
RE: Gostei.
Carlos,
Já sentia saudades de escrever sobre isto...