A direita e a Constituição da República
Há quem pense que se deve à medíocre cultura democrática de Passos Coelho ou a débil convicção de Cavaco o desprezo pela Constituição que juraram cumprir e fazer cumprir. Não são os académicos que ornamentam um Governo sem tino, mas com forte ideologia ultraliberal, que podem estimar a matriz do nosso ordenamento democrático.
Apesar de termos uma Constituição aprovada e aplaudida pelo PCP, PS e PSD, apenas com reservas do CDS que não a aprovou; apesar das revisões que tornaram possível que os partidos da direita governassem apenas submetidos, como em qualquer democracia, ao respeito pela lei fundamental; apesar de não ter havido, até ao assalto do poder pelos extremistas que tomaram conta do PSD e do Governo, problemas de governação; manda a verdade que se diga que a intriga contra a CRP começou com um general fascista que Sá Carneiro inventou contra o general Eanes na candidatura ao segundo mandato deste.
Fica aqui o documento que o recentemente falecido general, ex-governador de distrito e ex-secretário geral de Angola, ao serviço da ditadura, divulgou contra a Constituição.
Comentários
Logo, interessa saber como a Direita que, por vezes, se mostra muito democrática e muito liberal, continua a manter uma larvar e sub-reptícia atracção por soluções autoritárias, musculadas, de força, 'patrioteiras', enfim, ditatoriais.
Resumindo, estes episódios são armadilhas contidas num modelo delegatório da soberania através de uma 'democracia directa' que - talvez por ingénua crença - julgo termos vacinação ainda válida por alguns anos.
Vamos ver o que sucede com as próximas eleições europeias, onde uma subida da extrema-direita parece ser um lamentável mas incontroverso desfecho e como a Direita dita 'tradicional e civilizada' o cavalga (nos terrenos nacionais).