As rifas fiscais e o ridículo
A Pátria anda em polvorosa. A imensa tômbola do ministério das Finanças abarrota com faturas de bicas, pensos, lenientes para o prurido, pastilhas elásticas, remédios da caspa, pentes, iogurtes, corta-unhas, facas de cozinha, palmilhas e hortaliças.
Miss Swap teve de ser evacuada com um guincho, que a salvou da asfixia, entre faturas de mercearia, peixe congelado e bacalhau. Passos Coelho, a inteirar-se do andamento da rifa, perdeu os guarda-costas, em número inferior ao das faturas, envoltos em recibos de linhas, agulhas, botões e colchetas.
O computador oculto para atualizar o roubo das pensões, depois das eleições europeias, foi posto ao serviço das faturas de bicas, garotos e cariocas de limão. O País começou a comprar fruta e ovos à unidade para aumentar a probabilidade de andar de carro.
Consta que um entusiasta do bazar mandou desdobrar as refeições em pastéis de nata e a revisão do carro em lavagens e que Paulo Portas entregou a fatura dos submarinos com o seu número de contribuinte.
O gozo é tanto que Marco António já veio dizer que a medida constava do memorando de entendimento e que tinha sido tomada por Sócrates. Passos Coelho insiste que é falta de patriotismo não lhe reconhecer o alcance da medida contra a fraude fiscal.
O BPN, impedido de fazer suprimentos a ex-governantes e de armazenar obras de arte, dedica-se a passar faturas de bicas, bolos de arroz e pastéis de bacalhau, em nome de Oliveira e Costa.
Alberto João Jardim enviou as faturas ocultas e foi preciso requisitar a Casa da Madeira para as guardar enquanto se apalavram as viaturas para o sorteio.
Isto não é um país, é um casino de vão de escada legalizado pelo Governo.
Miss Swap teve de ser evacuada com um guincho, que a salvou da asfixia, entre faturas de mercearia, peixe congelado e bacalhau. Passos Coelho, a inteirar-se do andamento da rifa, perdeu os guarda-costas, em número inferior ao das faturas, envoltos em recibos de linhas, agulhas, botões e colchetas.
O computador oculto para atualizar o roubo das pensões, depois das eleições europeias, foi posto ao serviço das faturas de bicas, garotos e cariocas de limão. O País começou a comprar fruta e ovos à unidade para aumentar a probabilidade de andar de carro.
Consta que um entusiasta do bazar mandou desdobrar as refeições em pastéis de nata e a revisão do carro em lavagens e que Paulo Portas entregou a fatura dos submarinos com o seu número de contribuinte.
O gozo é tanto que Marco António já veio dizer que a medida constava do memorando de entendimento e que tinha sido tomada por Sócrates. Passos Coelho insiste que é falta de patriotismo não lhe reconhecer o alcance da medida contra a fraude fiscal.
O BPN, impedido de fazer suprimentos a ex-governantes e de armazenar obras de arte, dedica-se a passar faturas de bicas, bolos de arroz e pastéis de bacalhau, em nome de Oliveira e Costa.
Alberto João Jardim enviou as faturas ocultas e foi preciso requisitar a Casa da Madeira para as guardar enquanto se apalavram as viaturas para o sorteio.
Isto não é um país, é um casino de vão de escada legalizado pelo Governo.
Comentários
O ‘delírio fiscal’ é um dos sintomas da doença que ameaça empestar a nossa democracia que, apesar de todos os ‘assaltos’ (neoliberais) teima em resistir e sobreviver.
Alguns dos actuais governantes parecem possuídos de uma ‘bebedeira orçamental’ e deambulam trôpegos pelas margens da extorsão. Um incrível ‘ajustamento’ (à desgraça?) está a ser feito à custa dessa violenta extorsão e os governantes, dando mostras da sua ébria condição, festejam a acidental ocorrência (controlo do défice), como se estivéssemos perante um ‘milagre’.
Repete-se – dois milénios depois - a extraordinária e fantasiosa ‘performance bíblica’ em que (segundo me recordo) se relata a ‘milagrosa’ transformação de água em vinho, para que a ‘boda’ prossiga com contornos efusivos.
Como a ‘festa’ ameaça descambar em zaragata os organizadores ‘suspendem-na’ para a transformar numa quermesse. E como essa manobra de diversão parece não conseguir apagar o peso das licitações (obrigatórias), em vez de pacotes de farinha amparo (passe a publicidade), os ‘festeiros’ aposta agora em ‘prendas’ topo de gama para que o arraial prossiga.
Contam para isso com a cívica fiscalização dos incautos ‘assistentes’. Mas, na verdade, essa fiscalização tem pouco ou nada de ‘cívica’.
É – como hoje escreveu VPV – uma abjecta tentativa de criar ‘milícias populares’ que fiscalizem e condicionem a sociedade. De facto, a pretensão de transformar cidadãos em policiais é tenebrosa...
- E a conta do BPN não foi 'criada' pela 'corja cavaquista' onde se acoitaram e pontificaram ex-ministros (Dias Loureiro, Amílcar Theias, Arlindo Carvalho, etc.), ex-secretários de Estado (Oliveira e Costa), pelo meio 'outros' ministros (Daniel Sanches) e até actuais ministros (Rui Machete)?
- E o paleio de 'evitar o contágio do sistema bancário' não teve o dedo e a 'pressão institucional' (de um outro ex-ministro cavaquista)a actuar em Bruxelas?
Assim, sendo verdade que fomos empurrados para pagar a conta do BPN por razões circunstanciais e de 'oportunismo' e não só porque ...'os socialistas nacionalizaram'.
É conhecida a propensão do pobre português e do português pobre para este tipo de eventualidades de felicidade. Lotarias, raspadinhas, totobolas, totolotos e euromilhões.
Está tudo dito.