Uma decisão imponderada de Seguro

Há dias, o atual Governo anunciou a redução do número dos Tribunais, sem abdicar das mentiras e meias verdades com que costuma atribuir as decisões impopulares ao anterior Governo. É falso que estivesse assinada tão drástica redução, mas não significa que esta não seja necessária e uma opção legítima para redução de despesas públicas.

Um tribunal com 300 processos não pode ter um juiz e um procurador quando há outros com 30.000 processos (números próximos da realidade) e igual número de magistrados.

Mesmo um Governo incompetente, em que o refugo do PSD se coligou com a fina flor do CDS, amamentado, por razões estranhas, por este PR, pode tomar boas decisões. Em tão numerosas e más, é natural que alguma possa ser boa e original.

Não sei se a redução dos Tribunais é boa medida, mas não me atrevo a considera-la má. Percebo o interior desertificado a bater-se desesperadamente pela manutenção, mas não caio na demagogia de aplaudir todas as decisões impopulares.

O intuito do amontoado de ministros e secretários de Estado que Portas comanda, por intermédio de Passos Coelho, é destruir o Estado e, acessoriamente, anular as medidas do anterior Governo, sem um módico de racionalidade mas com incontida vingança. A manutenção deste Governo é pior, em cada dia, do que um terramoto permanente.

Após o anúncio do fecho de Tribunais, a promessa imediata de Seguro, de os reabrir, é um ato ao nível da imponderação deste desgoverno, que, segundo os crentes, foi castigo divino, confundindo os ciclos eleitorais e o ressentimento do PR com punições irreais.


Surpreende-me que os críticos racionais deste Governo não reflitam sobre o que aí virá, embora nenhum possa ser pior.

Comentários

e-pá! disse…
A 'reforma do sistema judiciário' e o consequente encerramento de tribunais foi mais uma medida 'feita a martelo' por este Governo.
Trata-se de um problema de soberania, com todas as melindrosas questões que isso acarreta, e os portugueses não conhecem qualquer tentativa ou esforço de consenso político sobre esta matéria.
É visível, pelas reacções vindas a lume - após a apresentação da 'reforma' - que o contributo dos órgãos representativos do poder judicial foi menosprezado e desconsiderado.
Este governo está a envolver Portugal num espesso nevoeiro onde as instituições deixam de se enxergar só para dar cobertura a teses (ideológicas) que conduzem ao 'Estado mínimo'. E esse 'estado nascente' tem algumas probabilidades de desembocar numa 'anarquia' em que as liberdades e as garantias constitucionais, i. e., o Estado de Direito, será a primeira e grande vítima...
No meio deste pandemónio o que vemos?
- AJ Seguro a acrescentar mais confusão aos já pesados problemas. Isto é, às carências da rede judiciária, contrapõe tribunais especiais para agilizar as sentenças para os 'investidores', nomeadamente os estrangeiros.
Haja tino!

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides