Passos Coelho, Paulo Rangel e o manifesto sobre a dívida
É possível que assessores, eleitos para pagamento de favores eleitorais, sejam avessos a pensar e inábeis para refletir sobre a governação; é natural que não saibam fazer contas, que dantes se aprendiam na escola primária, às vezes com excesso de pedagogia ativa; é crível que sejam rapazes que, aos negócios de Estado, prefiram os seus, mas deve haver alguém, entre a multidão de avençados, com aptidões para explicar a Passos Coelho que a dívida portuguesa é incompatível com a economia e a capacidade de Portugal.
Em Belém há gente capaz de comentar a situação que a sua inconsciência agravou, mas admitamos que, por ignorância, acredita que é um predestinado, com mais jeito para governar do que para cantor lírico, com mais futuro político do que nos espetáculos de Filipe La Féria. Admitamos ainda que alguém o engana e abusa da sua boa fé.
O que não se entende é que, perante um manifesto a favor da reestruturação da dívida e perante as personalidades que o assinaram, Passos Coelho e Paulo Rangel não tenham percebido o isolamento e a tolice em que persistem e se tenham permitido censurar tal documento.
Não se exige a Passos Coelho a inteligência e os conhecimentos do brilhante catedrático de economia, Francisco Louçã, que o assinou, mas devia desconfiar das assinaturas de dois consultores de Cavaco Silva, Sevinate Pinto e Vítor Martins, de Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix e Adriano Moreira, em que os menos recomendáveis são da sua área política, ou seja, da área que fez dele PM. Não é o documento que é inoportuno, como disseram na sua insânia, Poiares Maduro, Paulo Rangel e o inenarrável Passos Coelho.
Inoportuna é a presença desta gente a navegar um navio com rombos no casco, em mar agitado, e sem conhecimentos para levarem a bom porto um simples barco de recreio.
Comentários
Provavelmente ainda não conhece o seu conteúdo e os seus fundamentos (que só serão divulgados hoje), mas antecipadamente está contra. E assumiu-se, ontem, não como um governante deste país, mas antes como uma marioneta dos 'mercados'.
Na realidade, o simbolismo da sua precipitada intervenção de ontem é enorme. Prestou declarações no novo edifício da PJ. Será que a actuação deste Governo pode estar a transformar-se num 'caso de polícia'?...