A ocultação da realidade por detrás do óbvio….
As declarações de Michel Sapin [ministro das Finanças francês] que referiu “os países mais pequenos” como a ‘força de bloqueio’ de um acordo com a Grécia link e o ‘enfiar do barrete’ de Passos Coelho sobre as responsabilidades nacionais arguindo sobre o funcionamento das “ instituições”, nomeadamente, assumindo uma espantosa irrelevância dos ministros das finanças no processo decisório link são o mais recente malabarismo político oferecido aos portugueses.
Os cidadãos europeus têm sido massacrados com declarações erráticas dos ‘credores’, do Governo grego e a permanente a colagem do Eurogrupo (assembleia dos ministros das finanças dos 19 países) às peripécias dos mercados sobre um processo negocial em curso (suspenso, adiado ou, simplesmente, pervertido) aberrante.
Nada correu bem, para todas as partes, neste processo que se arrasta penosamente há mais de 5 meses. Porque, efectivamente, não há espaço para negociar. Os 5 anos de fracasso do resgate grego não favorecem o diálogo se forem objecto de um escrutínio rigoroso e desapaixonado. E não existe nenhum organismo internacional credível que possa adiantar uma análise isenta, objectiva e verdadeira do que tem sido o inferno das intervenções externas (em nome dos mercados) nos países mais débeis.
Esvaziar as responsabilidades dos ministros das finanças, como fez Passos Coelho, é o retorno à velha máxima de não ter culpas no cartório por estar simplesmente ‘a cumprir ordens’. Só que, de uma vez por todas, é necessário elucidar aos cidadãos europeus (mais particularmente os gregos) quem está por detrás dessa emissão de ordens [diktats].
Esta solicitação (que não passa de uma veleidade) seria um enorme contributo para esclarecer o povo grego na votação do referendo que decorrerá amanhã. Decifraria a pergunta referendária que, só aparentemente, permanece confusa porque, na verdade, a realidade está oculta.
Comentários
Emprestou ao Manuel 1000€ a um ano, com juro de 10%. Ao fim de um ano o Joaquim foi à casa do Manuel cobrar os 1100€ que este lhe devia. Mas o Manuel não tinha com que lhe pagar. O Joaquim propôs então emprestar 1100€ ao Manuel para que ele pudesse pagar a dívida, o que ele aceitou.
A avó do Joaquim perguntou-lhe como ia o negócio ao que lhe respondeu “tudo bem, este ano ganhámos 100€”.
Dois anos depois do primeiro empréstimo o Joaquim foi à casa do Manuel cobrar os 1210€ que este lhe devia. Mas o Manuel não tinha com que lhe pagar. O Joaquim propôs então emprestar 1210€ ao Manuel para que ele pudesse pagar a dívida, o que ele aceitou.
A avó do Joaquim perguntou-lhe como ia o negócio ao que lhe respondeu “tudo bem, este ano ganhámos 110€”.
No terceiro ano a avó ganhou 121, no quarto ano ganhou 133,10, no quinto ano ganhou 146,41€. O negócio prosperava, pois já tinha ganho ao todo 610,51! Abençoados 1000€, dizia a avó.
O problema é que o Manuel morreu, e a viúva diz que ele lhe deixou uma dívida de somente 1000 euros… O assunto foi para a tribunal, a viúva rejeitou a herança do marido e o juiz diz que o Joaquim não tem nada a haver naquele negócio…
O Joaquim foi então a casa da viúva, cheio de mesuras dizendo: pronto, divide-se o mal pelas capelinhas, eu perdoo-lhe 610,51€ e a senhora só me paga 1000€.
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